Um estudo do Imperial College London, no Reino Unido, concluiu que cada pessoa infetada com a nova estirpe do coronavírus tenha infetado entre duas a três pessoas, segundo um comunicado citado pela CNN.

“Estimamos que, em média, cada caso tenha infetado 2,6 pessoas (com um grau de incerteza entre 1,5 e 3,5) até 18 de janeiro de 2020, com base numa análise que combina as nossas estimativas anteriores da dimensão do surto em Wuhan [a província onde eclodiu o vírus] com a modelagem computacional de trajetórias epidémicas potenciais”, refere o relatório. Por isso, dizem os cientistas, as medidas de controlo precisam de bloquear a transmissão em, pelo menos, 60% dos casos “para serem eficazes no controlo do surto”.

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Um segundo estudo conduzido por investigadores da Universidade de Lancaster, também no Reino Unido, concluiu igualmente que um doente com o coronavírus contagia 2,5 outras pessoas, em média. “Se a epidemia continuar inabalável em Wuhan, prevemos que se torne substancialmente maior até 4 de fevereiro”, revelam os cientistas.

Já durante o fim de semana, o presidente chinês Xi Jinping tinha alertado para o facto de a propagação do vírus estar a “acelerar” e de a situação ser “muito grave”. No domingo, o ministro da Saúde chinês, Ma Xiaowei, revelou que o coronavírus pode propagar-se antes de haver sintomas na pessoa infetada.

Ainda há muito para descobrir sobre o vírus e os cientistas têm alertado para a necessidade de se evitar alarmismos. “É muito fácil fixarmo-nos num número específico, mas estas previsões variam consideravelmente neste estádio da epidemia”, disse Mike Turner, diretor de ciência do Wellcome Trust, um centro de investigação no Reino Unido.

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“O que está a tornar-se claro a partir de diversas fontes é que há uma elevada transmissão entre humanos e que podem existir várias pessoas que já estão infetadas, mas que não têm sintomas, ou têm sintomas leves e, por isso, não procuram ajuda médica”, acrescentou o especialista.

O facto de os sintomas poderem revelar-se semanas após o contágio “dificulta a implementação de medidas eficazes de controlo”. Mas “muitas pessoas estão a trabalhar arduamente para tentar controlar esta epidemia”, garante.

Empresas pedem aos trabalhadores para trabalharem a partir de casa

As empresas na China estão a aconselhar os funcionários a trabalharem a partir de casa de forma a evitar a propagação da nova estirpe do coronavírus. Várias companhias estão também a oferecer mais dias de férias e a pedir aos trabalhadores que não apareçam nos locais de trabalho.

Entre as empresas que pediram aos trabalhadores para teletrabalharem estão a Bytedance, que é dona da plataforma de partilha de vídeos TikTok, e a tecnológica de jogos Tencent.

As medidas surgem depois de o governo chinês ter prolongado o feriado do Ano Novo Lunar, no domingo.

Já empresas como o UBS, um banco de investimento suíço, ou a gigante chinesa de propriedades, a Country Garden, disseram aos funcionários que regressaram da cidade de Wuhan ou da província de Hubei para permanecerem de quarentena em casa.

Os mercados também se retraíram, com os investidores a mostrarem preocupação de que as medidas para combater o vírus possam ter um impacto negativo na economia global. Em Tóquio, o Nikkei 225, o índice de ações de referência no Japão, caiu 2% depois de o governo chinês ter anunciado o prolongamento do Ano Novo Lunar.