O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defende em entrevista a um canal de televisão indiano que Portugal e a Índia devem celebrar um acordo bilateral de investimento e podem cooperar através da CPLP.

Cabe-nos construir um novo acordo sobre investimento, para ter mais investimento da Índia em Portugal e mais investimento de Portugal na Índia”, afirma o chefe de Estado, em entrevista ao canal Doordarshan News, gravada no Palácio de Belém, em Lisboa, e transmitida no domingo.

Marcelo Rebelo de Sousa vai realizar uma visita de Estado à Índia entre quinta-feira e domingo, com passagens por Nova Deli, Mumbai e Goa, durante a qual terá encontros com o seu homólogo indiano, Ram Nath Kovind, e com o primeiro-ministro, Narendra Modi.

Nesta entrevista televisiva, o Presidente da República reitera o apoio de Portugal à entrada da Índia para o Conselho de Segurança das Nações Unidas como membro permanente, que diz que “já devia ter acontecido há muito tempo”, e para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o estatuto de observador associado.

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No plano económico, o chefe de Estado qualifica como “estrategicamente muito importante” para a União Europeia um acordo de comércio livre com a Índia e promete que Portugal lutará por isso.

“Precisamos de um acordo bilateral para o investimento, ao mesmo tempo”, acrescenta.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a CPLP “é outro nível de cooperação”, através do qual Portugal e Índia podem “ter negócios conjuntos e cooperação com países terceiros”, especialmente com Moçambique, com o qual a Índia tem uma forte ligação histórica. No seu entender, “há uma oportunidade única nesses países – Moçambique é muito especial, mas também Angola, mas também o Brasil – de trabalho conjunto, nos planos económico e científico”.

“A CPLP pode ser tão interessante para a Índia, e trabalhar com Portugal seria tão natural”, considera.

De acordo com o Presidente da República com o Brexit, pode também haver uma “cooperação trilateral entre a Índia, o Reino Unido e Portugal”.

Marcelo Rebelo de Sousa salienta que Portugal e a Índia têm apoiado as respetivas candidaturas em organizações internacionais, como a candidatura de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas, porque partilham a mesma visão de “como é importante cooperar num mundo que é protecionista, unilateralista”.

Portugal apoia muito a ideia de a Índia se tornar um membro permanente do Conselho de Segurança [das Nações Unidas]. Para nós, é um ponto-chave da nossa política externa”, frisa.

O Presidente da República elogia o desenvolvimento da Índia como “poder global chave no mundo” e realça que “fazem-no em democracia”. “Às vezes tenho a impressão de que são demasiado tímidos no que respeita à vossa perspetiva global”, observa, acrescentando: “São mais fortes do que o que aparentemente parecem ser”.

Sobre que sua visita de Estado, declara que “será curta, mas útil” e revela que nunca esteve na Índia: “É a primeira vez de sempre, é um sonho nunca realizado”.

Marcelo Rebelo de Sousa mostra-se convicto de que “o relacionamento só pode melhorar” com os contactos institucionais que irá manter, para dar continuidade ao estreitamento de relações impulsionado pelos primeiros-ministros indiano, Narendra Modi, e português, António Costa.

O Presidente da República refere que António Costa “tem raízes indianas, mas, mais do que isso, adora a Índia, e estabeleceu uma relação empática com o primeiro-ministro Modi”, com visitas recíprocas que prosseguiram a nível ministerial, que conduziram a “uma mudança, em tantas áreas”, nos últimos “três, quatro anos”, que há que prosseguir.