No ano passado, a direção do Museu da Bíblia em Washington, DC, nos EUA, comunicou que cinco dos seus artefactos mais valiosos eram falsos — os fragmentos eram tidos como parte dos manuscritos do Mar Morto. Este fim de semana, mais más notícias chegaram: afinal, todos os 16 artefactos são falsos, escreve a CNN. A informação foi divulgada durante uma conferência de imprensa, na qual os peritos disponibilizaram um relatório de 200 páginas que, segundo a publicação norte-americana, revelam como os documentos falsos enganaram não só os académicos, mas também os compradores de antiguidades.

Num comunicado, a investigadora principal e diretora do Art Fraud Insights, Colette Loll, esclareceu que “depois uma análise exaustiva” tornou-se evidente que “nenhum dos fragmentos de texto da coleção dos manuscritos do Mar Morto é autêntico”. As falsificações terão sido, então, criadas no século XX com intenção de imitar os documentos originais. A CNN escreve ainda que alguns estudiosos estimam que 70 fragmentos semelhantes terão chegado ao mercado em 2002.

Os manuscritos do Mar Morto estão entre os achados bíblicos mais importantes da arqueologia e têm mais de dois mil anos, como já antes explicou o Observador. São o conjunto mais antigo de textos bíblicos alguma vez descoberto. O seu conteúdo contém várias partes do Antigo Testamento, em Hebraico e Aramaico. Acredita-se que estes pergaminhos tenham sido criados por um grupo judaico que viveu na zona onde os manuscritos foram encontrados. Terão sido expulsos por forças romanas durante uma revolta judaica, 70 anos antes de Cristo (a.C). Descrevem a vida, a época e as crenças do grupo.

De acordo com o Art Fraud Insights, a maioria dos fragmentos que agora se revelam falsos são feitos de couro e não pergaminho, como os restantes manuscritos do Mar Morto. As sobras de couro utilizadas podem ter sido parte de sapatos romanos antigos, especula o relatório.

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A CNN escreve ainda que os falsificadores cobriram os pedaços em questão com um material âmbar brilhante — provavelmente cola de animal — de maneira a parecerem mais convincentes. Apesar de terem vindo de quatro compradores diferentes, todos os pedaços estão revestidos por este material âmbar, o que sugere que as falsificações terão sido feitas pela mesma pessoa ou grupo de pessoas.

O relatório já citado destaca ainda como erro o uso de tinta moderna para escrever passagens da Bíblia, de acordo com uma análise feita em laboratórios alemães. Enquanto a tinta ainda estava molhada, os falsificadores espalharam depósitos minerais consistentes com aqueles oriundos da região do Mar Morto.

Para chegar à conclusão de que os métodos usados terão sido com a “intenção de enganar”, a equipa de investigação contratada pelo museu — composta por seis membros —, usou vários aparelhos, incluindo microscópios 3D. O relatório em questão não detalhou a origem destas falsificações.