O primeiro passo foi dado pela Universal Pictures que anunciou esta segunda-feira a chegada de três novas produções a serviços de streaming ou on demand, mesmo com estas ainda nas salas de cinema. Os filmes em questão são “The Hunt”, “The Invisible Man” e “Emma” e decisão faz deste o primeiro velho estúdio de Hollywood a aproximar-se dos novos timings da distribuição.
A Universal Pictures rompe assim a longa tradição de conceder às salas de cinema um período de exclusividade de cerca de 90 dias. Agora, a empresa reclama o direito de poder exibir ou disponibilizar os filmes noutras plataformas, mesmo quando estes ainda estão em exibição nos cinemas. “Acreditamos que as pessoas vão continuar a ir ver filmes aos cinemas, mais também sabemos que para muita gente em diferentes parte do mundo isso é cada vez menos possível”, indicou Jeff Shell, diretor executivo da NBC Universal, empresa detentora dos estúdios, em comunicado.
Através de plataformas como o iTunes e o Amazon Prime Video, estes são os primeiros filmes a furar o esquema, mas a Universal Pictures não vai ficar por aqui. A sequela de animação “Trolls World Tour” tem estreia marcada para o dia 10 de abril e vai chegar em simultâneo aos serviços de aluguer por 20 dólares. A opção pode agora ser tida em conta por outros decisores de Hollywood.
A tendência parece lógica, tendo em conta a ascensão das plataformas de streaming, porém está a ser claramente precipitada pelo surto de Covid-19 e pelo consequente isolamento como medida de contingência. Contactada pelo The New York Times, a segunda maior cadeia de cinemas dos Estados Unidos, a Regal Theatres, admitiu vir a fechar as suas 542 salas, a começar esta terça-feira. Em Nova Iorque o encerramento destes espaços já foi decretado. Em Los Angeles, todas as salas têm de estar fechadas até 31 de março.
O último fim de semana foi, aliás, o pior de sempre no ramo. Nos Estados Unidos, as receitas das bilheteiras totalizaram 55,3 milhões de dólares (quase 50 milhões de euros), um mínimo histórico que representa uma queda de 44% face ao fim de semana anterior. Face a estes números, ao cinema não resta alternativa senão, também ele, refugiar-se no aconchego do lar.