A CMVM chumbou a OPA do Benfica após ter detetado uma irregularidade, avançou esta segunda-feira a TVI e confirmou o Observador. A SAD encarnada tem agora dez dias para formular uma resposta ao regulador da Bolsa, mas a operação pode mesmo cair também perante o novo contexto criado com a pandemia global da Covid-19.

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Na semana passada, os responsáveis do Benfica começaram a colocar a possibilidade de suspender a operação, tendo em conta o atual momento que se vive não só em Portugal mas também no mundo. A hipótese de um recuo foi equacionada atendendo ao inevitável impacto não só económico mas também financeiro que todos os clubes e organizações desportivas irão sofrer a breve e médio prazo.

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No fundo, foi ponderado se, perante um novo cenário, os 32 milhões previstos para a OPA teriam um maior relevo no seguimento da operação ou se poderia ser mais seguro manter a verba para equilibrar as contas.

Esta segunda-feira, a OPA foi chumbada pela CMVM, havendo mesmo a possibilidade de a SAD das águias poder ser multada, tendo em conta a irregularidade detetada pelo regulador da Bolsa. Em resumo, o Benfica clube queria aumentar as receitas da renda do Estádio da Luz à Benfica SAD, antecipando até as verbas a receber, para depois o Benfica clube poder ter o montante para comprar ações da Benfica SAD. Não sendo uma operação ilegal, este mecanismo de financiamento é irregular quando está em causa uma OPA.

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De acordo com uma fonte oficial do Benfica, que confirmou esse chumbo, os encarnados têm “um entendimento contrário” em relação a esse mecanismo de assistência, recordando que “a SAD tem um contrato com a Benfica Estádio desde 2004”. “Não deixa também de causar alguma estranheza que, quatro meses depois de todo este processo, e numa altura em que se falava na possibilidade de haver a intenção de revogar a operação por força das circunstâncias e dos tempos excecionais em que vivemos, exista agora este pedido por parte da CMVM para alterar este mecanismo, do qual temos interpretações diferentes”, explicou.

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Por norma, a CMVM costuma suspender ações sempre que identifica no mercado uma assimetria de informação que possa afetar o valor dessas ações, caso essa informação não seja do conhecimento de todo o mercado. Assim, a Benfica SAD, que ficou com as ações (já com um valor mais baixo) suspensas, tem agora dez dias para responder à CMVM em relação à irregularidade detetada na operação, sendo certo que, com ou sem essa resposta, a OPA que estava prevista poderá agora ter os dias contados. Tendo em conta a suspensão das ações da SAD em bolsa, seria expectável que, muito em breve, o Benfica fizesse uma comunicação ao mercado.

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