O salão está fechado e também não é como se a atual crise desse abébias a que andássemos para trás e para frente só para mantermos as unhas arranjadas. Na falta de um profissional a cuidar do assunto, resta aos voluntários e voluntárias do isolamento pôr mãos à obra, o que muitas vezes significa pegar no que está à mão e que pode ter aplicações muito além do esperado.

Pelo menos, é este o lema de Mariele Leite, uma das proprietárias do Sisu, o estúdio de beleza natural que abriu portas em Cascais, no final do ano passado. O conceito pode ser pouco comum por cá, mas compreende-se rapidamente mal se entra no espaço. O ambiente cuidado e a predileção por produtos de beleza sem químicos, ou com o menor número possível, não podiam casar melhor.

O interior do Sisu, em Cascais © Sanda Vuckovic

De portas temporariamente fechadas, a pedagogia que vai ganhando terreno no Instagram, onde confinados e confinadas são elucidados acerca de cuidados de rosto, corpo e unhas. Nesta última matéria, Mariele soma já vários anos de experiência. Mais do que um entrave, vê o atual momento como uma oportunidade. Às dúvidas, responde com conselhos simples.

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É tempo de criar um ritual de beleza

Para Mariele, o primeiro passo é estabelecer um hábito. Na rotina de todos os dias, e na opinião da especialista, pecamos por não reservar algum tempo para cuidarmos do nosso próprio corpo. “É a altura certa para quem não tem um ritual de beleza começar a ter. Gostava que o vissem como um momento de calma e que aprendessem a tê-lo em casa”, refere. Agora, tempo é coisa que não falta e tirar entre 20 e 30 minutos por dia pode fazer a diferença na nova vida entre quatro paredes, na autoestima e, claro, no próprio corpo.

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Mesmo depois de definidos estes momentos em benefício próprio, há que repartir o tempo com equidade, o que, regra geral, não acontece. “As pessoas estão muito mais preocupadas com o rosto. E mesmo que gostem de ter as unhas pintadas, longas e na moda, esquecem-me muitas vezes de cuidas das mãos”, assinala. Moral da história: o rosto até pode surgir rejuvenescido, mas as mãos acabam por acusar uns anos a mais.

Esfoliar e hidratar: a base do cuidado das mãos

Uma simples esfoliação caseira pode marcar o início de uma nova era, a era em que o compromisso com o bem-estar das mãos passa a caber na agenda. São duas vezes por semana, segundo recomenda Mariele. Quem não tiver esfoliante não precisa de comprar, a receita é à base de açúcar, mel (orgânico, de preferência) e, havendo, um óleo essencial à escolha.

[Algumas destas dicas são disponibilizadas por Mariele Leite em vídeo, no Instagram do Sisu]

https://www.instagram.com/p/B-Zn1f1ACax/

“A esfoliação deve ser feita em movimentos circulares, insistindo na zona das cutículas, durante alguns minutos. Assim, a gente remove as células mortas tirando partido da hidratação do mel, mas também da sua ação antimicrobiana e antioxidante”, salienta Mariele. Depois de lavar as mãos, a sensação de pele macia e nutrida é imediata. Contudo, se o preparado não tiver qualquer tipo de óleo, convém passar um creme hidratante em seguida. “Além disso, é preciso que o faça várias vezes ao dia — é muito álcool gel e são muitas lavagens, isso deixa as mãos muito secas”, conclui.

Como remover o verniz?

“Para quem usa gel, é altura de dar algum descanso às unhas”. Remover e esperar que tudo retome a normalidade é o conselho possível, mas a tarefa não é assim tão simples. Sem brocas em casa, Mariele aconselha que as unhas vão sendo gradualmente limadas, com uma lima mais grossa, enquanto se espera que, ao crescer, a unha expulse naturalmente o gel aplicado. O processo até se livrar do gel poderá levar cerca de quatro semanas.

Unhas com look natural © Cortesia Susu

Já o verniz gel, por ser mais fino, pode ser retirado mais rápido. Como? Embebendo um pedaço de algodão em acetona ou num removedor de verniz e colocá-lo sobre a unha. Para aumentar a eficácia da técnica, pode enrolar a unha em papel de alumínio mantendo o algodão por baixo. Deixe atuar durante 10 a 15 minutos. Para ser ainda mais eficaz, pode sempre começar por limar ligeiramente as unhas, aumentando a porosidade do verniz gel.

A especialista deixa ainda o alerta: “Infelizmente, são poucos os sítios onde de trabalha de forma consciente. Muitos produtos são enganadores e há vernizes gel que usam bases difíceis de tirar”. Se for o caso e não for lá com algodão e pratas, já sabe, recorra ao primeiro passo de todos.

Em tempos de confinamento, o melhor é simplificar

Manter as unhas curtas é um dos conselhos essenciais de Mariele — “facilita a limpeza e a desinfeção das mãos”. Alem disso, recomenda que seja usada sempre uma base (alguns top coats também podem ser aplicados diretamente sobre a unha), mesmo que opte por não pintar as unhas em casa.

O removedor de cutículas Deborah Lippmann é um dos produz recomendados por Mariele Leite. É vendido no Sisu e custa 20 euros

Quanto às peles, o melhor é deixá-las no sítio — o mais provável é que faltem as ferramentas próprias, nomeadamente o alicate, para não falar no jeito. “Se for hidratando bastante as cutículas, elas não vão crescer tanto e não se tornam incomodativas”, esclarece. Ainda assim, fica a dica: pode afastá-las coma ajuda de um palito (algumas limas também já têm uma forma adequada para o efeito), após aplicar uma gota de removedor de cutículas — segundo Mariele, o produto perfeito para quem não as corta –, de óleo de amêndoas doces ou de qualquer outro óleo corporal na falta dos produtos anteriores. Idealmente, a aplicação deve ser feito antes de dormir.

Pés: volte à casa de partida

As mãos podem ser os membros mais visíveis, mas é importante não esquecer os cuidados a ter com os pés. Mariele relembra que todos os conselhos práticos acima referidos são válidos também para as unhas dos pés, que devem estar devidamente hidratadas e cuidadas, mesmo que o verão ao ar livre continue a ser, por enquanto, uma visão distante.