Depois dos alertas dos especialistas, um inquérito do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica vem confirmar que 74% dos portugueses estão “com receio de se deslocar aos serviços de saúde”, sendo que a mesma percentagem diz que “deixou de ir a algum centro de saúde, clínica ou hospital”. Além de admitir esse medo, 26% diz que deixou mesmo de recorrer aos serviços de saúde, sendo que a percentagem sobe para 32% se se ouvir apenas os doentes crónicos. O receio justifica-se com a hipótese de contrair a infeção pelo novo coronavírus durante essas visitas, avança a edição desta terça-feira do Público.
Segundo o mesmo jornal, há ainda 35% dos portugueses que admitem que a saúde mental “piorou” desde o início do isolamento. Uma percentagem que é superior nos portugueses em idade ativa quando comparada com as faixas etárias dos mais velhos, onde apenas 25% admite estar pior que há um mês. As percentagens são superiores a 40% entre os 18 e os 44 anos, atingindo os 49% na faixa etária entre os 35 e os 44 anos. Entre os 25 e os 34 anos, são 44% os portugueses a acusar a degradação da saúde mental, a mesma percentagem dos 18 aos 24 anos.
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Além do receio em recorrer aos serviços de saúde e do cancelamento de todos os serviços de acompanhamento de doentes não urgentes a que se assistiu de norte a sul do país, o isolamento social está também a contribuir para que o estado geral de saúde física tenha piorado desde o início da crise sanitária. 23% da população admite que a saúde física piorou, com maior prevalência para as faixas etárias mais jovens em detrimento dos mais idosos (onde os que têm 65 ou mais anos só 17% admitiu sentir-se menos bem fisicamente). São os jovens com idades entre os 18 e os 24 anos que concentram a maior percentagem, com 33% admitir que a saúde física está pior.
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Atentando uma vez mais na saúde mental, os portugueses admitem que a “ansiedade” e “tristeza” são os sentimentos que têm surgido mais vezes ao longo do último mês em isolamento, 12% menciona um dos dois sentimentos logo seguido da preocupação (11%), o medo e a saudade (10%). Os portugueses com mais medo e ansiedade são os dos 25 aos 44 anos, quando “surgem as maiores percentagens dos que se assumem mais afetados”, contrastando com a “saudade” que os mais velhos sentem em predominância.