“Qualquer regresso das instituições de ensino superior às atividades presenciais tem de ser negociada.” O recado ao ministro Manuel Heitor é deixado pelo presidente do Snesup, Sindicato Nacional do Ensino Superior, Gonçalo Velho, que acusa o Governo de só ter dado “indicações vagas” sobre o pretendido regresso ao ensino presencial das universidades e politécnicos no início de maio. Já o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas diz ainda não ter reunido com as estruturas internas, de modo a ter uma noção clara de como será o regresso. E promete uma posição oficial do CRUP para depois desses encontros.

“Nos outros países que começam a regressar à normalidade, esse regresso está a ser negociados com os sindicatos das várias indústrias. Em Portugal, temos docentes e alunos com muito receio de regressar e outros, até por pertencerem a áreas mais práticas que desejam o regresso”, sublinha Gonçalo Velho. E é por haver sentimentos tão diferentes em relação ao regresso que defende que o Ministério do Ensino Superior deveria traçar um caminho único, depois de negociar com sindicatos.

“O ministro lançou um conjunto de ideias vagas e lançou o ónus para as instituições. Lançou o desgoverno, e dá legitimidade aos alunos para questionarem as decisões das instituições de ensino superior”, acusa o presidente do Snesup. Gonçalo Velho acredita que o regresso ao ensino presencial, com as atuais regras de distanciamento, irá também obrigar ao um aumento do financiamento de universidades e politécnicos, já que com as eventuais reduções de turma serão precisos mais docentes.

Na sexta-feira passada, o Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior (MCTES) emitiu uma série de recomendações às universidades e politécnicos para que comecem a preparar o regresso às aulas presenciais a partir de maio.

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Em comunicado, o ministério de Manuel Heitor dá um prazo de duas semanas, que termina a 30 de abril , para que as instituições de ensino superior elaborem “planos para levantamento progressivo das medidas de contenção atualmente existentes, incluindo a reativação faseada de atividades letivas e não letivas com presença de estudantes”.

Em entrevista à Rádio Observador, Manuel Heitor defendeu que universidades e politécnicos devem estar preparados para começar a regressar ao ensino presencial “de forma faseada a partir de 4 de maio”. O ensino à distância deve continuar, mas combinado “de forma gradual” com atividades presenciais, como “aulas práticas, laboratoriais e avaliação final”.

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