O primeiro-ministro disse não se querer “pronunciar sobre a vida interna da Assembleia” da República. Mas, de imediato, acabou por tecer algumas considerações sobre a realização da cerimónia do 25 de Abril com convidados no Parlamento, que está planeada para o próximo sábado e que tem provocado aceso debate por se realizar em plena pandemia do novo coronavírus.
“Registo que a Assembleia tem vindo a manter o seu funcionamento normal, com os condicionamentos próprios desta circunstância”, começou por apontar António Costa, à saída da reunião com o Cardeal-Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente.
A decisão de avançar com as cerimónias no Parlamento tem sido muito discutida nos últimos dias, com petições quer a pedir o cancelamento, quer a reforçar os argumentos para que a cerimónia se realize. Atento à polémica, o primeiro-ministro diz que “está tudo a ficar excessivamente nervoso”, talvez fruto das circunstâncias: “Estamos a chegar a uma fase em que naturalmente, por cada vez maiores necessidades económicas e sociais e por cada vez maior cansaço e fadiga relativamente às medidas de contenção, está tudo a ficar talvez excessivamente nervoso para o que é recomendável, depois da forma exemplar como temos vivido. Temos que conduzir-nos com bom senso no conjunto de todo este período”, disse Costa. Aproveitando o facto de estar à saída de uma reunião com o Cardeal-Patriarca, no Seminário dos Olivais, deixou uma sugestão: “Não é momento de divisões, é momento de nos mantermos unidos e de seguir o exemplo que a Igreja Católica tem dado. Relativamente a como se deve viver a fé de cada um, cumprindo as regras contra esta pandemia”, afirmou.
Sobre a reunião com D. Manuel Clemente, o primeiro-ministro apontou que maio “é um mês particularmente importante para a Igreja Católica” e, por essa, razão, está a ser mantido o diálogo entre o Governo e a Igreja para perceber como acomodar celebrações com as medidas de distanciamento social necessárias, nomeadamente as celebrações do 13 de Maio, em Fátima.
Naturalmente irei falar com outras confissões religiosas com eventos importantes nos próximos tempos, nomeadamente a propósito do Ramadão com os islamitas”, acrescentou o primeiro-ministro.
António Costa aproveitou ainda para relembrar que a estratégia do Governo é, neste momento, a de manter a “máxima contenção” até ao final de abril, para depois começar a relaxar gradualmente algumas medidas. “Mas ninguém viva com a ilusão de que vamos voltar a viver em maio como vivíamos até fevereiro, porque vamos ter de viver sem vacina”, relembrou o primeiro-ministro.