O empresário Mário Ferreira, dono da Douro Azul e da Mystic Invest, fechou acordo com os espanhóis da Prisa para a aquisição de uma posição de cerca de 30,22% na Media Capital, a empresa que detém a TVI. A informação foi comunicada ao mercado na noite desta sexta-feira, depois de ter sido avançada horas antes pela revista Visão.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Prisa indica que o memorando de entendimento com a Pluris Investments (detida por Mário Ferreira e a mulher) visa definir “os termos e condições iniciais sob os quais as partes estão dispostas a realizar a transação” e tem um período de exclusividade até 15 de maio.
O negócio será feito através “de um acordo de transação de um bloco de ações”. O memorando também prevê que imediatamente após a execução desse “serão dados os passos necessários para que a Pluris tenha uma representação apropriada (sem uma posição de controlo) no conselho de administração da Media Capital”.
“Apesar de a Prisa continuar como o único acionista de controlo da Media Capital e de não haver um acordo de acionistas entre as partes, a Prisa considera que a Plural é o coinvestidor ideal na Media Capital”, indica o comunicado da empresa espanhola. E enumera as razões:
- Porque demonstrou “compromisso para com Portugal e a economia portuguesa
- Porque se compromete a apoiar e assistir, com os seus conhecimentos financeiros, a equipa de gestão da Media Capital
- Tem um historial como investidor responsável e orientado para o crescimento
- Manifestou compromisso e capacidade para aportar, se necessário, mais fundos para a Media Capital.
Mário Ferreira chegou a estar envolvido, indiretamente, na OPA lançada pela Cofina à dona da TVI, uma vez que iria participar no aumento de capital que a Cofina lançou para concretizar o negócio. No entanto, com o falhanço da OPA, Mário Ferreira avançou com negociações com os espanhóis da Prisa para obter uma participação direta.
A Visão escreve mesmo que “o estado avançado destas negociações” – que foram alvo de notícia no Público na passada quinta-feira – “causou uma guerra de bastidores com a Cofina e o Grupo Bel [do empresário Marco Galinha], que chegaram tarde à corrida”. Tal como a Visão, o Observador tentou obter um comentário de Mário Ferreira sobre estes desenvolvimentos no negócio, mas até ao momento não obteve resposta.
É a segunda vez nesta sexta-feira que Mário Ferreira surge na imprensa. A abrir o dia, o Jornal Económico adiantava que o consórcio liderado pelo dono da Douro Azul já tinha entregado uma proposta à Prisa para a compra da TVI.
Mas o jornal – que pertence a Marco Galinha, do Grupo Bel – escrevia que Mário Ferreira era o único interessado que já estava em contactos com a TVI, tendo feito uma proposta abaixo dos 205 milhões de euros que constavam da proposta da Cofina que acabou por cair. De acordo com mesmo jornal, o governo já terá sido informado deste processo.
As negociações entre o consórcio de Mário Ferreira — que incluirá um grupo familiar do norte do país e um sindicato bancário que inclui o galego Abanca — estavam a decorrer diretamente com o CEO do grupo espanhol Manuel Mirat. Ao Jornal Económico, Mário Ferreira não quis fazer qualquer comentários: “Não comentamos a situação da TVI”. Mário Ferreira, recorde-se, era parceiro da Cofina no negócio falhado de compra da TVI.
Entrevista. Mário Ferreira, magnata dos media? “Comigo é para ganhar dinheiro”
O consório do dono da Douro Azul ter-se-ia antecipado nas negociações ao consórcio liderado pelo grupo Bel.
Na quinta-feira, o Público tinha noticiado uma nova oferta de aquisição da Media Capital em cima da mesa. Marco Galinha (grupo Bel), Gustavo Guimarães (grupo Apollo) e a Prozis querem juntar-se para comprar a Mediacapital, a empresa que detém a TVI, noticiou o Público.
Marco Galinha, Prozis e Apollo apresentaram proposta para ficar com a TVI
Notícia atualizada às 20:15 com a informação oficial do acordo, enviada à CMVM.