A Casa Branca já está a iniciar os trabalhos de preparação de medidas retaliatórias tomadas pelos EUA visando a China, pela forma como o regime geriu o início do surto do novo coronavírus. As medidas retaliatórias podem ser sanções económicas aplicadas pela maior economia do mundo à segunda maior (como um castigo por, alegadamente, o regime não ter sido transparente sobre o vírus, a vários níveis) ou, em alternativa, pedindo de indemnizações (reparações) pelos danos económicos causados pela pandemia.

A notícia é avançada pelo The Washington Post, esta quinta-feira, e acrescenta que estes trabalhos envolvem uma equipa transversal de funcionários-chave da administração, provenientes de várias agências governamentais. Segundo quatro fontes ouvidas pelo jornal, conhecedoras da planificação interna que está a decorrer na Casa Branca, além de pessoas de várias agências governamentais vão, também, ser envolvidos responsáveis ligados aos serviços secretos.

Uma hipótese que está em cima da mesa seria, segundo o jornal, retirar à China o seu estatuto de “imunidade soberana”, o que permitiria que empresas, pessoas e o próprio governo pudessem demandar a China, judicialmente, pedindo reparações financeiras. Essa hipótese não parece muito exequível, porém, disseram fontes ao The Washington Post, em parte porque envolveria passar legislação nesse sentido no Congresso.

Os trabalhos ainda estão numa fase preliminar, sublinham as fontes, pelo que não é possível determinar se se vai avançar (e de que forma) com medidas que procurem responsabilizar o regime chinês pela pandemia ou, em rigor, pelas proporções mortíferas à escala global que esta assumiu. Mas as posições assumidas pelo Presidente Trump nos últimos dias confirmam aquilo que diz uma das fontes ouvidas pelo The Washington Post: “Castigar a China é, sem dúvida, o objeto de fixação da cabeça do Presidente neste momento”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para Trump, que fez a primeira campanha eleitoral usando a China sempre como alvo preferencial de mobilização do eleitorado (por questões relacionadas com o comércio externo), está a poucos meses de enfrentar novamente o eleitorado e, nesta fase, a China volta a emergir como um alvo, embora num contexto de uma pandemia que mergulhou a economia norte-americana numa recessão económica.

Trump advogou esta semana que a China faria tudo para evitar que este fosse reeleito para o cargo. Numa conferência de imprensa, Trump admitiu que os EUA podem tentar obter da China milhares de milhões de dólares em indemnizações, além de outras medidas “mais fáceis” para castigar o regime liderado por Xi Jinping (que não especificou): “temos formas de o fazer”, garantiu.

Em resposta, o regime chinês acusou Trump de estar a “insultar” a China e a “passar culpas” para o país, dizendo que quer lembrar os EUA de que “o seu inimigo é o vírus, não é a China. O seu enfoque deveria ser a contenção do vírus e a cooperação internacional”, notou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O que a China (não) fez para evitar a pandemia. O resto do mundo pode pedir contas ao regime?