O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu esta sexta-feira à governadora do Michigan que ceda e chegue a um acordo com os cidadãos do estado que protestaram no dia anterior, tentando invadir o capitólio estadual, muitos deles armados, contra a lei de confinamento obrigatório a propósito da Covid-19 que estava ali a ser debatida.
“A governadora do Michigan devia ceder um bocadinho e apagar o fogo”, escreveu o Presidente no Twitter. “Estas são muito boas pessoas, mas estão zangadas. Querem ter as vidas deles de volta, com segurança! Receba-os, fale com eles, chegue a um acordo.”
The Governor of Michigan should give a little, and put out the fire. These are very good people, but they are angry. They want their lives back again, safely! See them, talk to them, make a deal.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 1, 2020
A mensagem de Donald Trump surge depois de um dia caótico em Lansing, no Michigan. Centenas de manifestantes fizeram parte de um protesto intitulado “Manifestação Americana Patriótica”, organizado pelo grupo Michigan Unido pela Liberdade, que tencionava exigir a reabertura das empresas em todo o estado — a maioria tem estado suspensa devido ao confinamento imposto por causa do novo coronavírus.
Os membros da câmara dos representantes e do senado estadual, ambos de maioria do Partido Republicano, estavam dentro do capitólio a discutir a proposta da governadora, Gretchen Whitmer (do Partido Democrata) para prolongar as restrições relacionadas com a Covid-19, que já matou quase quatro mil pessoas no estado do Michigan.
De acordo com a estação de televisão norte-americana NBC, os manifestantes empunhavam bandeiras do país e vários estavam armados, alguns até com armas de assalto como a AK-47 como é visível nas imagens compiladas pelo The Guardian. A certa altura, as palavras de ordem evoluíram para “Deixem-nos entrar” e “Esta é a casa do povo”, à medida que os manifestantes forçaram a entrada no capitólio. Alguns chegaram mesmo a tentar entrar na sala da câmara dos representantes, mas foram impedidos pela polícia.
As duas câmaras acabaram por chumbar a proposta da governadora. Esta, contudo, decidiu na noite dessa mesma quinta-feira assinar uma ordem executiva para obrigar o Michigan a permanecer em estado de emergência até ao dia 28 de maio. “A Covid-19 é um inimigo que ceifou mais vidas de pessoas do Michigan do que aquelas que perdemos na Guerra do Vietname”, afirmou a governadora num comunicado, divulgado pelo Washington Post. “Embora alguns membros do ramo legislativo considerem que esta crise já passou, o senso comum e todos os dados científicos dizem-nos que ainda não estamos a salvo. Ao recusarem prolongar o estado de emergência e de desastre, os republicanos estão a enfiar a cabeça na areia e a pôr mais vidas e a sobrevivência de alguns em risco.”
O Michigan é um dos estados mais afetados pelo novo coronavírus nos Estados Unidos. Ao todo já registou mais de 41 mil casos e 3.788 mortes.