Portugal deve atingir esta semana o pico de prevalência da infeção por coronavírus no país, ou seja, o número mais elevado de pessoas infetadas ao mesmo tempo. A estimativa é feita pelo Covid-19 Insights, um dashboard criado pela COTEC em parceria com a NOVA Information Management School da Universidade Nova de Lisboa.

Em comunicado, os responsáveis pelo estudo explicam que este pico de prevalência da doença será assimétrico a nível nacional: na região de Lisboa e Vale do Tejo, por exemplo, o pico de prevalência está previsto apenas para o dia 15 de maio, no final da próxima semana, enquanto que zonas como os Açores e o Algarve já poderão ter superado este período. Sem que estejam previstas grandes alterações por parte dos portugueses no que toca aos comportamentos de risco que têm, é provável que este pico se prolongue no tempo.

De acordo com um dos coordenadores do projeto, a prevalência da infeção é “atualmente, tão ou mais importante” do que a incidência da infeção. “Quanto maior for o stock de pessoas infetadas, maior será o risco de ressurgimento da propagação da doença, principalmente no momento atual de alteração de comportamentos, com a retoma gradual da economia”, diz Pedro Simões Coelho, professor catedrático da NOVA IMS. Para o académico, a prevalência dos contágios associada ao coeficiente de reprodução da infeção, o “R”, que “não atinge ainda os valores de segurança, desejavelmente abaixo de 1”, pode provocar “uma subida súbita do número de infeções se os comportamentos adequados não forem uma constante”.

Vêm aí os dias D para perceber o impacto do desconfinamento na evolução da Covid em Portugal

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O comportamento que adotamos quando não estamos confinados é tão ou mais importante que o próprio confinamento na contenção da propagação da doença. Quando comparamos Portugal com outros países que estiveram menos confinados, o sucesso não é, em vários casos, superior. Da mesma forma que, se nos compararmos com outros países que estiveram mais confinados, o sucesso também não é muito menor. O que faz realmente a diferença é o comportamento que as pessoas adotam uma vez fora de casa, como o uso de máscaras ou o respeito pelas distâncias de segurança”, explica Pedro Simões Coelho.

O Covid-19 Insights chega ainda à conclusão que os portugueses quebram o regime de confinamento generalizado principalmente ao fim de semana. Em comparação com os meses de janeiro e fevereiro, pré-pandemia, o aumento da permanência em zonas residenciais situa-se acima os 30% durante a semana e cai para os 20% ao fim de semana. Acaba por ser à segunda e à sexta-feira, principalmente nesses dois dias, que os portugueses ficam mais em casa em paralelo com os primeiros dois meses do ano. A estimativa da COTEC e da NOVA IMS indica ainda que, face à média nacional, Bragança, Beja e Portalegre foram os distritos onde menos se respeitou o confinamento, enquanto que Lisboa, Madeira e Setúbal foram as zonas onde mais pessoas ficaram em regime de teletrabalho nas próprias casas.

Esta ferramenta inclui ainda o Índice de Risco, ou seja, o risco de cada região do país tendo em conta tanto a taxa de infeção como outros fatores, como o índice de dependência de idosos, a densidade populacional ou o rendimento per capita. Os maiores índices de risco estão nas regiões Norte e Centro, enquanto que os municípios de Vila Nova de Foz Côa, Castro Daire e Ovar lideram a lista.