O Presidente norte-americano, Donald Trump, está a liderar uma campanha online na sua conta de Twitter contra o seu antecessor, Barack Obama, escrevendo e retweetando mensagens que denunciam um escândalo a que chamou Obamagate. O motivo? O facto de Obama ter criticado a sua gestão da crise do novo coronavírus e a desistência da procuradoria-geral de acusar o seu antigo assessor Michael Flynn.

As declarações do antigo Presidente foram feitas em privado, mas chegaram aos jornais no passado sábado. Desde então, os tweets de Trump anti-Obama têm surgido a um ritmo constante.

As críticas têm por base acusações como a de Obama ser “o primeiro ex-Presidente a criticar o seu sucessor” e o ressuscitar da acusação feita por Trump no início do mandato de que Obama teria mandado o FBI escutá-lo (“o maior crime político da História americana, de longe!”, escreveu agora). Trump chegou a retweetar frases que dizem que este “Obamagate” vai fazer com que o Watergate “pareça uma multa de estacionamento” por comparação.

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Os ataques surgiram em catadupa ao longo deste domingo e continuam esta segunda-feira e surgem depois de a Yahoo News ter noticiado que teve acesso ao áudio de uma conversa privada entre Obama e a equipa do seu governo, que teve lugar na passada sexta-feira, a propósito das próximas presidenciais. Nessa conversa, o antigo Presidente diz que a resposta desta presidência à pandemia de Covid-19 tem sido “um desastre completamente caótico”.

Obama criticou ainda a recente decisão do Departamento da Justiça de deixar cair as queixas que apresentou contra Michael Flynn, ex-assessor de Trump que admitiu ter mentido ao FBI a propósito dos seus contactos com o embaixador russo nos EUA. “Este é o tipo de coisa que nos faz começarmos a preocuparmo-nos de que não apenas as normas institucionais básicas, mas o próprio entendimento básico do que é um Estado de direito pode estar em risco”, afirmou à sua equipa o antigo Presidente.

A decisão de arquivar o caso de Flynn foi anunciada pelo procurador-geral William Barr esta quinta-feira. Flynn foi inicialmente despedido da Casa Branca por ter mentido ao vice-Presidente Mike Pence sobre os seus contactos com o embaixador russo. Flynn mentiria depois ao próprio FBI, tendo acabado por confessar que afinal se encontrou com o embaixador e passando a colaborar com a investigação de Robert Mueller sobre um possível conluio da campanha Trump com os russos. Depois de Trump ter sugerido várias vezes que poderia vir a conceder um perdão presidencial a Flynn, eis que agora surge a decisão da procuradoria de não levar avante a acusação contra o antigo assessor.

Toda esta atividade no Twitter do Presidente norte-americano e o arquivamento do caso de Flynn decorrem na mesma altura em que os Estados Unidos atravessam um pico da pandemia de Covid-19, com mais de um milhão de casos detetados e quase 80 mil mortes registadas devido ao novo coronavírus.