O Ministério da Saúde espanhol aprovou uma diretiva em março e abril que admite a utilização de equipamento de proteção individual fora de validade, incluindo máscaras, em caso de falta de material, noticia este sábado o El Mundo. É uma das estratégias “alternativas delineadas para a “situação de crise”, expressa o documento.

O “Guia para Proteção Pessoal”, emitido a 30 de março e outra vez a 30 de abril, inclui um anexo sobre a atuação adequada “perante a escassez de equipamentos de proteção individual” e numa situação “excecional”.

De acordo com a diretiva, os profissionais mais expostos a uma possível contaminação pelo novo coronavírus devem utilizar uma “máscara EPI”, enquanto os menos expostos podem usar uma “máscara cirúrgica”. Se este material faltar, há três hipóteses: “utilizar outros equipamentos EPI para as vias respiratórias”, “o uso prolongado da máscara” ou “máscaras auto-filtrantes ou filtros fora do prazo de validade”.

Esta última proposta vem acompanhada de uma nota de rodapé, indica o El Mundo, que admite que a utilização de equipamentos de proteção individual fora do prazo de validade “podem não cumprir os requisitos para que foram certificadas”: “Com o tempo, componentes como fitas e material da ponte nasal podem degradar-se, o que pode afetar a qualidade do ajuste”.

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O documento abriu uma polémica em Espanha porque a primeira versão assinada pelo Ministério da Saúde vinha com os carimbos de dois sindicatos: UGT e Comissões Operárias. Ao El Mundo, fontes da UGT negam ter participado na redação da diretiva.

O sindicato enviou mesmo uma carta à diretora-geral de saúde espanhola, Pilar Aparicio, afirmando não concordar com o conteúdo do documento, mas sobretudo reclamando com a presença do símbolo da UGT ,”dado que isto dá a entender o nosso acordo com um documento que não assinámos”. Após a declaração da UGT, o símbolo do sindicato foi retirado do documento e já não surgiu na versão mais recente, publicada a 30 de abril.

A diretiva que permite o uso de máscaras caducadas em situação de emergência vem à tona depois de uma série de denúncias feitas pela UGT na Andaluzia dando conta da distribuídos de equipamento de proteção individual fora do prazo de validade em centros de saúde naquela região espanhola. Algumas das máscaras já estavam caducadas desde 2014. A Procuradoria Superior de Andaluzia está a investigar.