Na ressaca da reunião da Comissão Política do PS, na noite de quinta-feira, Santos Silva comentou o assunto que está a criar algumas divisões entre os socialistas: Costa atirou para um apoio ao social-democrata Marcelo Rebelo de Sousa na recandidatura a Belém ou não? E isso é um problema?

Costa quer “nervos de aço” no PS: “Não há impossíveis”, mas é preciso “humildade” e dialogar com todos os partidos

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros recusa a ideia de que Costa tenha anunciado a recandidatura mesmo antes do próprio Marcelo e classifica o momento de uma “constatação” com a qual também parece concordar: “O primeiro-ministro não fez nenhuma sugestão, fez uma constatação que, aliás, me parece óbvia”.

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Em declarações à Rádio Observador, Santos Silva diz que Costa “não falou em apoio”, mas que “disse que era muito provável que, se este Presidente da República se recandidatar, daqui a um ano fosse o mesmo”.

“Se o PS seguir o que é o seu bom hábito tomará uma posição depois da apresentação das candidaturas”, disse o ministro recordando ainda algumas das ocasiões em que o PS “apoiou informalmente um candidato”, mas apontando os requisitos para um candidato presidencial socialista: “O PS precisa de um candidato que una os portugueses, respeite e faça cumprir a Constituição”.

[Ouça aqui a entrevista de Augusto Santos Silva no “Direto ao Assunto” da Rádio Observador]

Augusto Santos Silva: “O PM não fez nenhuma sugestão. Fez uma constatação que, aliás, me parece óbvia”

Escusando-se dizer se Ana Gomes é ou não uma candidata que reúna esses requisitos, o ministro disse que “há quem considere que sim e quem considere que não”, mas depois frisou que a direção e a estrutura socialista deve ter “em muita atenção e consideração o que pensa o eleitorado que vota no PS”.

“O PS precisa de um candidato ou candidata que, na minha opinião, projete uma candidatura nacional que permita unir o campo democrático. Um candidato que una os portugueses, respeite e faça cumprir a Constituição”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva.

Já sobre o estado do país face à pandemia da Covid-19 e o aproximar do verão, com os movimentos populacionais que se lhe associam, Santos Silva diz que “os turistas são bem-vindos em Portugal” e acrescenta que para os emigrantes que habitualmente fazem as deslocações em carros estão a ser trabalhadas soluções, com Espanha, de modo a não obrigar os portugueses a cumprir a quarentena obrigatória decretada pelo governo de Sanchéz.

Portugal e Espanha estão a desenvolver “corredores de trânsito” para quem viaje a partir de França

“Os portugueses que regressem de Portugal por Espanha e entram em França não estão sujeitos a quarentena. Os espanhóis também já nos disseram que estão de acordo em criar corredores de trânsito, sem pernoita, sem precisar de fazer quarentena. É nisto que estamos a trabalhar”, afirmou Santos Silva.

O ministro diz que a situação que se viveu na Páscoa foi “excecional e já passou” e que a fase atual é “muito controlada em termos de saúde” e que todos os “emigrantes são muito bem vindos” no regresso a Portugal este verão.

Sobre a chegada de turistas ao país, agora que o bom tempo se começa a fazer sentir a pandemia da Covid-19 parece dar algumas tréguas, Santos Silva deixa claro que “os turistas são bem-vindos em Portugal”, mas haverá “controlos sanitários mínimos” a quem chegue de avião.

“Aos turistas que venham por via aérea, Portugal não impõe quarentena, imporá controlos sanitários mínimos que as autoridades de saúde entenderão. Portugal tem um sistema de saúde que responde bem, e isso é muito importante para acolher as pessoas, e tem já publicadas regras no que diz respeito aos espaços públicos, monumentos, museus, praias, hotéis, restaurantes, que são conhecidos e que garantem a segurança das pessoas”, frisou o ministro.

Já sobre os portugueses que se viram retidos no estrangeiro desde o início dos lockdowns e suspensão dos voos um pouco por todo o mundo, Santos Silva esclareceu que ainda há portugueses retidos no estrangeiro.

Santos Silva explicou que ainda há portugueses “que foram de férias em março ou abril” que estão retidos “em Marrocos ou Cabo Verde”.

“Não se interessaram pelos voos de repatriamento das autoridades, ou deixaram passar, e depois lembraram-se que afinal queriam vir”, disse Santos Silva fazendo um balanço dos portugueses que se viram retidos no estrangeiro em consequência da Covid-19.