O YouTube censurou desde pelo menos outubro de 2019 comentários que criticavam o Partido Comunista Chinês (PCC). Se um utilizador criticasse um vídeo escrevendo os termos chineses para “bandido comunista” (共匪, em chinês), ou o “o partido dos 50 cêntimos”, (五毛, um termo chinês pejorativo que infere que o PCC paga a quem o elogiar), estes eram apagados em segundos. O caso foi noticiado esta quarta-feira pelo The Verge. Nesta quinta-feira, a plataforma de vídeo da Google afirmou que está a resolver o problema, mas não clarificou a causa.
Em resposta ao Observador sobre esta notícia do The Verge, fonte oficial do YouTube respondeu: “Estamos sempre a trabalhar para resolver problemas no YouTube. Após análise das nossas equipas, confirmamos que houve um erro nos nossos sistemas moderação [“enforcement systems”, na resposta em inglês] e estamos a trabalhar para corrigi-lo o mais rapidamente possível”.
Ao The Verge, o YouTube disse também que já está a corrigir o problema para vários destes termos, mas que continua a investigar a situação, inferindo que este tipo de censura automática pode acontecer com outros comentários em chinês. O caso foi inicialmente reportado à Google em outubro de 2019, mas nesta nunca deu uma resposta oficial até o caso ser noticiado. De acordo com o YouTube, em resposta ao Observador, a plataforma remove conteúdo que violem os padrões da comunidade e que, por isso, alguns destes comentários em chinês podem não estar de acordo com estas regras.
Uma das hipóteses colocada pelo The Verge para este erro acontecer é a de poder ter sido causada por uma ação coordenada pelo Partido Comunista Chinês, ao reportarem inúmeras vezes o termo como um erro e, assim, subverter o sistema. Contudo, o YouTube assume que este erro não foi causado dessa forma. O YouTube disse ao jornal de tecnologia e ao Observar que, atualmente, está a utilizar cada vez mais o sistema de moderação automática devido à pandemia do novo coronavírus. Contudo, o padrão de censura existe já desde antes esta situação.
No passado, a Google já teve outros problemas relacionados com erros que protegiam o PCC. Em 2019, se uma escrevesse no tradutor da empresa que estava triste por Hong Kong pertencer à China, em chinês a tradução dizia o oposto, que estava feliz. O erro foi entretanto resolvido sem justificação.
O The Verge lembra ainda que, apesar de o motor de pesquisa e outras plataformas da Google serem proibidos na China, esta não seria a primeira vez que a empresa utilizaria a sua tecnologia para promover censura do PCC. Em 2018, foi revelado que a Google desenvolveu um motor de pesquisa próprio para a China que obedeceria às regras do regime comunista chinês. Depois de várias críticas, a Google disse que não estava mais a trabalhar nesse projeto.