As exportações diminuíram 39,8% em abril, face ao mesmo mês do ano passado. Este tombo mensal, que também se refletiu nas importações — um recuo de 39% — é o maior desde pelo menos 1988, ano para o qual existem estatísticas mensais do comércio internacional em formato digital.

Os dados da evolução mensal das exportações, face ao mesmo mês do ano anterior, remetidos ao Observador pelo Instituto Nacional de Estatísticas, mostram que a queda que mais se aproxima em dimensão foi de 30,6% e aconteceu em fevereiro de 2009. A descida de quase 40% corresponde em termos de faturação para as empresas exportadoras a menos 1893 milhões de euros, face a abril do ano passado. Já em março, as exportações tinham sofrido uma queda muito expressiva.

Efeito Covid arrasta exportações para maior queda mensal desde setembro de 2009

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Esta evolução já era esperada e reflete “os constrangimentos à atividade económica determinados pelas medidas de contenção à disseminação da pandemia Covid-19”.

As exportações são uma das principais componentes do Produto Interno Bruto. O cenário associado ao plano de estabilização económica e social prevê que as vendas ao exterior desçam 15,4% este ano, contribuindo para a queda da riqueza produzida em Portugal em 6,9%. Esta estimativa para o ano de 2020 aposta já numa forte recuperação das exportações nos próximos meses. A confirmar-se, esta queda anual será inferior à registada em 2009, ano de recessão global provocada pela crise financeira, que atingiu os 18,4%.

“Refletindo os constrangimentos à atividade económica determinados pelas medidas de contenção à disseminação da pandemia Covid-19, quase todas as categorias de produtos apresentaram decréscimos significativos, destacando-se as exportações e importações de “material de transporte” (-77,6% e -75,2%, respetivamente)”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE). As vendas de automóveis de passageiros afundaram 83%, refletindo a paragem das principais unidades industriais durante a vigência do estado de emergência. Também as exportações de combustíveis caíram 39%, enquanto as importações de petróleo baixaram 38% com as refinarias da Galp paradas.

Segundo o instituto, “a única categoria de produtos a registar um aumento nas exportações (+0,3%) em abril de 2020 foi a de ‘produtos alimentares e bebidas’, enquanto nas importações nenhuma categoria registou aumento”.

Em março as exportações tinham já recuado 12,7% e as importações tinha decrescido 11,6%. No trimestre terminado em abril de 2020, as exportações e as importações diminuíram respetivamente 17,4% e 16,3%, face ao trimestre terminado em abril de 2019 (-3,1% e -4,1%, pela mesma ordem, no 1º trimestre de 2020).

No total dos dois meses com efeitos da pandemia (março e abril de 2020) as exportações e as importações registaram reduções de 25,9% e 25,2%, respetivamente.