Este sábado, em mais um balanço diário feito pela Direção-Geral da Saúde, Graça Freitas revelou que se encontra em fase de desenvolvimento um cartão eletrónico que irá permitir rastrear o percurso e os contactos de viajantes infetados com Covid-19. A ferramenta substituirá assim os atuais registos em suporte físico requeridos aos viajantes provenientes de países considerados críticos no contexto da atual pandemia.

Já na conferência de imprensa da passada quarta-feira, Marta Temido havia feito referência a este sistema, de forma a permitir perceber por onde passaram os viajantes e em que lugar viajaram, entre outras informações. Na altura, a ministra da Saúde havia indicado a intenção de estender o uso deste registo a todos os passageiros, o que, segundo a diretora-Geral da Saúde irá acontecer com a nova ferramenta eletrónica, na qual estão atualmente a trabalho os Serviços Partilhados no Ministério da Saúde.

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Procedimentos como a medição de temperatura e o fornecimento de informação relativa à manifestação do vírus continuam a acontecer nos três aeroportos internacionais do país. O tráfego aéreos começa agora a ser retomado. Contudo, Portugal acabou por prorrogar até dia 30 de junho a suspensão de voos de e para fora da União Europeia.

Questionada sobre a frequência com que passageiros de chegada a Portugal são diagnosticados com Covid-19, Graça Freitas indicou que todos os dias são identificados novos casos nos terminais. “Não sei dizer exatamente quantos casos foram detetados, mas sei que é frequente a minha colega identificar um ou dois casos em determinados voos”, rematou.

Mais de 83% dos profissionais de saúde infetados já recuperaram

A par com os dados do último boletim, António Lacerda Sales iniciou a conferência de imprensa deste sábado com um ponto de situação relativo aos profissionais de saúde infetados — destes, “mais de 83% já recuperaram da doença”, assinalou o secretário de Estado da Saúde. A fatia traduz-se, em mais de 2.900 profissionais “que já não têm Covid-19 e que já regressaram aos seus serviços”.

Mas houve lugar para outros números, nomeadamente relativos aos mais de 14 mil testes feitos numa semana nos cinco concelhos mais afetados da região de Lisboa e Vale do Tejo — Lisboa, Sintra, Amadora, Loures e Odivelas. Lacerda Sales indicou que 95% foram diagnósticos negativos e apenas 5% permitiram identificar casos de infeção. “Dos 731 casos positivos, muitos já foram considerados nos boletins diários, o que tem contribuído para o aumento do número de casos nesta região. Os que poderão ainda não estar, por razões de notificação e cruzamento de bases de dados, entrarão com certeza nos próximos dias”, esclareceu ainda.

Fora daquela que neste momento é zona do país mais crítica, Graça Freitas confirmou este sábado a existência de “um pequeno surto” no bairro piscatório da Marinha, em Espinho. Até ao momento foram realizados 54 testes na zona, dos quais 14 foram positivos. “Ocorreu de um caso de um pescador, que foi identificado”, revelou a diretora-Geral da Saúde. A transmissão fez-se depois a familiares coabitantes e pessoas que frequentam o mesmo café, segundo explicou. “As forças no terreno estão a investigar o surto e os possíveis contactos para quebrar cadeias de transmissão. Tudo indica que o surto se encontra circunscrito”, concluiu Graça Freitas.

João Gouveia também participou no balanço diário da DGS. O presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos salientou as melhorias na capacidade de medicina intensiva do país desde o início da pandemia. “Há 1.026 camas de medicina intensiva com capacidade para tratar os doentes”, assinalou, acrescentado que também no que toca a profissionais desta área foi feito investimento. Por sua vez, Lacerda Sales disse que o objetivo é, até ao final do ano, atingir um rácio de 9,4 camas de cuidados intensivos por 100 mil habitantes. Atualmente, a taxa de ocupação destas camas é de 61% em todo o país e de 65% na região de Lisboa e Vale do Tejo.

O secretário de Estado fez ainda referência aos ventiladores invasivos, comprados e doados, revelando que já mais de 680 equipamentos foram entregues a unidades de saúde de todo o país.

Graça Freitas diz que tem de ser “o próprio cliente” a ver se é seguro usar chuveiro nos ginásios

Questionada sobre a autorização dada aos ginásios para voltarem a disponibilizar os chuveiros aos seus clientes, em particular sobre como seria feita a supervisão desses espaços, Graça Freitas começou por evocar uma responsabilidade individual. “Nós somos o primeiro regulador destas questões. O próprio cliente tem de ver se estão a ser mantidas as condições para usar estes equipamentos em segurança”, disse. Em seguida, nomeou as próprias empresas, bem como “a entidade que fiscaliza estes equipamentos”.

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Sobre a evolução da situação epidemiológica na China, Graça Freitas disse que o cenário é preocupante, mas expectável. “Não podemos estar descansados, nunca. O vírus circula a nível planetário”, completou, antes de uma última menção à reabertura dos ATL, marcada para a próxima segunda-feira. A diretora-Geral da Saúde referiu que as orientações para estes espaços seria divulgadas ainda este sábado.