A região do Algarve recebeu nos últimos seis meses 48 imigrantes ilegais provenientes do norte de África, com o último caso registado esta manhã, em Quarteira, onde foi intercetada uma embarcação com 22 migrantes de origem marroquina.

O Algarve tem sido cada vez mais procurado por imigrantes ilegais como porta de entrada para o continente europeu e nos últimos meses essa tendência tem-se acentuado.

Em dezembro de 2019 chegou à costa algarvia um grupo de oito imigrantes e em janeiro deste ano 11 cidadãos marroquinos foram detetados ao largo da Ilha de Armona, no concelho de Olhão. Já este mês, no dia 6, foram detetados sete migrantes oriundos do Norte de África ao largo de Olhão, e esta manhã uma embarcação com 22 homens, alegadamente de origem marroquina, foi intercetada quando os tripulantes se preparavam para desembarcar na Praia de Vale do Lobo, em Quarteira.

O grupo de migrantes detetado esta sexta-feira é semelhante a um dos barcos intercetados em 2007, que transportava 23 pessoas. Perante este fluxo, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse em janeiro deste ano que era “prematuro” considerar que esta se tratava de uma nova rota de migração para Portugal.

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É de todo prematuro. Tivemos dezenas de milhares de chegadas em Espanha e não poderemos, relativamente a dois casos nestes meses, extrair daí qualquer conclusão. Estamos atentos, estou em diálogo com autoridades espanholas e marroquinas, e conto aliás estabelecer, nas próximas semanas, um encontro direto com o meu homólogo marroquino sobre vários temas, entre os quais este”, afirmou Eduardo Cabrita.

Já o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro, em dezembro do ano passado, disse que Portugal tem de estar “muito atento” à possibilidade de passar a ser uma rota de entrada de migrantes.

“Temos de estar atentos. Temos de estar muito atentos a essa possibilidade porque não é muito diferente ir para Espanha ou ir para o Algarve, é só uma questão de opção”, afirmou.

Nesse sentido, acrescentou, é necessário que as autoridades policiais – o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Polícia Marítima e a Guarda Nacional Republicana, nomeadamente através da Unidade de Controlo Costeiro – mantenham a monitorização desse tipo de fenómenos, bem como a vigilância da fronteira marítima nacional.

Por sua vez, em janeiro, o presidente da Câmara de Olhão, António Manuel Pina, revelava a sua preocupação por este fluxo crescente e apelava a que fosse feito um enquadramento correto da situação, que na sua opinião não deve passar pela atribuição do estatuto de refugiado.

É verdade que temos que acolher, que ser humanos com estes cidadãos marroquinos, mas também não devemos confundir, na minha opinião, aquilo que é o caso cidadãos e migrantes no Mediterrâneo, na Síria, na Líbia, onde aí há, de facto, a fuga à guerra e a situações de vida deploráveis, com estas situações”, afirmou o autarca de Olhão.

Milhares de migrantes têm utilizado nos últimos anos as três principais rotas do Mar Mediterrâneo (Oriental, Central e Ocidental) para chegar à Europa, pressionando principalmente os países do sul da União Europeia como Espanha, Itália e Grécia.

A Organização Internacional para as Migrações referiu em meados de abril que 16.724 migrantes e requerentes de asilo tinham entrado na Europa por via marítima (quase metade nas costas da Grécia) desde o início de 2020, um aumento de 16% em relação aos 14.381 registados no mesmo período do ano passado.

Até meados de abril deste ano, 256 pessoas terão morrido durante a travessia da rota migratória do Mediterrâneo, menos do que as 425 vítimas mortais registadas no mesmo período de 2019, de acordo com os mesmos dados.