Era o segredo mais mal guardado na Europa e teve esta quarta-feira à tarde a confirmação oficial, como uma das conclusões da reunião do Comité Executivo da UEFA: Lisboa vai receber a Final Eight da Champions, com sete jogos entre 13 e 23 de agosto entre o Estádio da Luz e o Estádio José Alvalade para decidir o campeão europeu de 2020 e que irá suceder ao já eliminado Liverpool. Ainda assim, e ao contrário do que chegou a ser ventilado, os quatro encontros em falta dos oitavos podem ainda ser disputados nos estádios dos visitados à porta fechada.
Primeiro a final, depois a partir dos quartos, agora tudo: Lisboa pode receber 11 jogos da Champions
Desta forma, o Juventus-Lyon e o Barcelona-Nápoles devem ser jogados a 7 de agosto, ao passo que o Bayern-Chelsea e o Manchester City-Real Madrid estão marcados para o dia seguinte. A 10 de julho, a cidade suíça de Nyon irá receber o sorteio dos quartos e das meias. Atl. Madrid, PSG, RB Leipzig e Atalanta já estão apurados. Não está definido o local destes quatro encontros, que podem ser feitos também em Portugal com o Estádio do Dragão, no Porto, e o Estádio Dom Afonso Henriques, em Guimarães, a surgirem como hipóteses (Lisboa não entra nesta corrida). A decisão será tomada nas próximas semanas, dependendo da evolução da pandemia na Europa.
Em Lisboa, os quartos deverão jogar-se entre os dias 12 a 15 de agosto, estando as meias marcadas para 18 e 19. A final fica reservada para 23 de agosto, no Estádio da Luz, que volta assim a receber o encontro decisivo da principal prova europeia de clubes seis anos depois da vitória do Real Madrid de Ronaldo, Pepe e Fábio Coentrão frente ao Atl. Madrid após prolongamento. Todos os encontros em solo português serão realizados à porta fechada, numa corrida que envolveu também as cidades de Frankfurt (Alemanha) e de Moscovo (Rússia).
Depois do anúncio da UEFA, será feita uma conferência de imprensa em Belém às 19h, que contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (que vai passar o dia nas zonas afetadas pelos incêndios de 2017, deslocando-se depois para Lisboa), entre outras figuras como o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o líder da Federação, Fernando Gomes, ou o número 1 da autarquia de Lisboa, Fernando Medina. Nessa altura serão revelados mais alguns detalhes do processo que trouxe para Portugal o novo modelo competitivo da UEFA para terminar a Liga dos Campeões.
Já existem alguns pormenores sobre toda a organização, segundo apurou o Observador: o Estádio da Luz e o Estádio José Alvalade receberão os sete encontros (quatro dos quartos, dois das meias e a final), os centros de estágio do Seixal, de Alcochete e da Cidade do Futebol estarão à disposição dos apurados e estão reservadas oito unidades hoteleiras em Lisboa para albergar não só as oito equipas participantes mas os demais elementos da UEFA ligados à competição (Palácio Estoril, Cascais Miragem, Penha Longa Resort, Pestana Palace, Sana, Corinthia, Sheraton e Intercontinental). O plano traçado foi também falado com a DGS, por forma a que todas as regras por causa da pandemia fossem cumpridas. A Eleven Sports tem o exclusivo de transmissão de todos os jogos, sendo que a final da competição, no dia 23 de agosto, deverá também ser transmitida pela TVI.
Ceferin explica escolha e admite possibilidade de haver público nos estádios
Na conferência de imprensa após o anúncio, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, explicou a escolha de Portugal para a organização da Final Eight e não descartou possibilidade de poder haver público nos estádios.
“Se tivesse de dar uma resposta hoje, diria que não teremos possibilidade de ter adeptos. Mas há um mês nem sabia dizer se teríamos possibilidade de terminar as competições. Ainda não decidimos relativamente aos espetadores, pois vamos analisar no início de julho. Seria uma incompetência, da nossa parte, decidir antecipadamente. Vamos decidir até meio de julho, seguramente. Não sabemos se serão apenas adepto locais, se nenhuns adeptos ou se adeptos de outros países que podem estar nos jogos. Como já disse, se fosse agora que tivéssemos que decidir, não haveria adeptos. Mas temos de esperar. Os jogos da Liga dos Campeões só serão daqui a dois meses e já vimos como as coisas mudam em dois meses”, explicou o líder do órgão que tutela o futebol europeu.
“A Federação Portuguesa de Futebol, através do Fernando Gomes e do Tiago Craveiro, foi a primeira a vir falar connosco. Disseram-nos que estavam em contacto permanente com o Governo e que nos podiam ajudar facilmente, que estavam prontos para organizar uma das competições. Eles mostraram essa capacidade de nos ajudar e nós, no fim, decidimos que Portugal receberia a fase final da Liga dos Campeões. Estamos em contacto sobretudo com a Federação Portuguesa de Futebol, que está em contacto com as autoridades nacionais. Até agora está tudo bem. Não há razão para ter um plano B, para já. Mas acompanhamos a situação. Não semana a semana, mas dia a dia, e estamos preparados para adaptar se for possível”, acrescentou Ceferin.
A escolha acaba por ser mais uma vitória para o país e sobretudo para a Federação Portuguesa de Futebol que, à semelhança do que aconteceu noutras modalidades (como a Fórmula 1), delineou um plano para apresentar à UEFA depois de se ter tornado público que Istambul já não receberia a final da Champions este ano. Fernando Gomes, presidente do órgão federativo e também vice do Comité Executivo da UEFA, e Tiago Craveiro, CEO da Federação e administrador da UEFA Club Competitions – empresa criada pela UEFA e pela Associação Europeia de Clubes para assegurar, entre outros assuntos, as negociações das vendas dos direitos televisivos e comerciais das provas europeias bem como implementar novos modelos competitivos –, foram de novo duas peças chave no processo. De recordar que, no ano passado, Portugal já tinha recebido a organização da primeira Final Four da Liga das Nações (que seria ganha pela Seleção), prova que também foi pensada por Tiago Craveiro tendo em vista o fim dos jogos particulares nas paragens das seleções em troca de uma competição rentável para todas as partes.
DGS deu parecer favorável à realização da fase final em Lisboa
“A DGS está envolvida no apoio à candidatura portuguesa à organização da ‘final a oito’ da Liga dos Campeões”, admitiu a autoridade nacional da saúde em comunicado esta terça-feira, assegurando que “confia na existência de todas as condições para receber este evento desportivo em Portugal”. “A DGS considera que, fruto do trabalho que tem sido desenvolvido com a FPF e a Liga [de Clubes] e da experiência do desenrolar da principal competição de futebol nacional, se encontram reunidas todas as condições para o acolhimento do referido evento em Portugal”, reforçou, manifestando ainda na mesma missiva a disponibilidade “para a continuação da articulação entre as entidades promotoras deste evento e as autoridades de saúde”.
DGS assegura “todas as condições” para Portugal receber Liga dos Campeões
“A DGS e a Federação têm feito um trabalho profícuo na retoma do Campeonato, os jogos têm sido efetuados com o máximo de segurança, um trabalho que contou com grande envolvimento da DGS e da Federação. Também estamos envolvidos na organização desta Champions. Esta articulação é contínua e mantém-se nesta co-organização com os organismos internacionais, será uma boa decisão trazer para Portugal a Champions. Com segurança, como tem sido vista na retoma da Primeira Liga, com circuitos bem definidos, testagem aos jogadores, toda a metodologia que tem sido implementada”, referiu António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, na conferência de imprensa desta quarta-feira para comentar a situação epidemiológica. “O nosso país é seguro, Lisboa e Vale do Tejo têm esta situação porque estamos a procurá-la ativamente. Continua a ser uma zona segura. E o campeonato é um exemplo excelente, tem acontecido sem problemas ou incidentes. Este modelo que tão bem tem resultado com a Federação resultará para a Champions”, acrescentou Graça Freitas, diretora-geral de saúde.
Porto perde Supertaça Europeia em setembro (pelo menos em 2020)
A Liga Europa, que não tem também participantes portugueses, irá ser disputada no mesmo formato de jogos únicos a uma mão em quatro cidades alemãs (Duisburgo, Gelsenkirchen, Düsseldorf e Colónia), de 10 a 21 de agosto, data em que Colónia vai receber o encontro decisivo que, à semelhança da Champions, vai decidir ainda se as partidas relativas aos oitavos são realizadas nos estádios das equipas visitadas ou na Alemanha mas com um ponto importante: o Inter-Getafe e o Sevilha-Roma, que não jogaram a primeira mão, serão decididos em jogo único. As partidas a contar para os oitavos da Liga Europa serão disputados entre os dias 5 e 6 de agosto. Também a Champions feminina, que inicialmente tinha a final marcada para o Viola Park, em Viena, vai disputar-se num novo formato semelhante à masculina, em Bilbau e San Sebastian, entre 21 e 30 de agosto.
Entre outras decisões que serão também conhecidas esta quarta-feira, nota ainda para a Supertaça Europeia de 2020 que se irá realizar em Budapeste a 24 de setembro, o que faz com que o Estádio do Dragão deva receber a prova mas num outro ano – e não em 2021. E porquê? Porque a notícia que dava conta num avançar de um ano nas cidades que receberiam finais europeias acabou por não confirma-se na totalidade. Ao contrário do que se vai passar na Liga dos Campeões (o Estádio Olímpico Ataturk, em Istambul, que deveria receber a final da Champions em 2020, ficaria com o jogo decisivo em 2021; a final em São Petersburgo passa de 2021 para 2022; a de Munique em 2022 passar para 2023; e a de Londres em 2023 para 2024) e na Liga Europa (finais em Gdansk, Sevilha e Budapeste até 2023), a Supertaça Europeia vai manter as cidades previstas para 2021 (Belfast), 2022 (Helsínquia) e 2023 (Kazan). O Jogo avança com a possibilidade de a final poder ser jogada no Dragão em 2025.
Numa outra nota, a UEFA anunciou também que a próxima edição da Liga dos Campeões e da Liga Europa deve arrancar apenas a 20 de outubro, pouco mais de um mês depois do que se costuma passar numa época “normal”. O calendário, esse, terá de ser mais apertado, tendo em conta que 2021 é ano de Europeu e seleções: a terceira pré-eliminatória disputa-se a 15/16 de setembro, os playoffs a 22/23 de setembro e 29/30 de setembro e a fase de grupos com jornadas a 20/21 de outubro, 27/28 de outubro, 3/4 de novembro, 24/25 de novembro, 1/2 de dezembro e 8/9 de dezembro. A Liga Europa será jogada nas mesmas semanas da Champions.