À sua espera tinham Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, e depois de desinfetarem as mãos e percorrerem o circuito feito para combater a Covid-19, o Presidente da República e Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, visitaram a Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, naquele que é o ultimo dia de aulas. “Não é o fim do ano letivo, pois ainda há duas épocas de exames pela frente”, sublinha o ministro.

Este foi um terceiro período “necessariamente diferente”, mas que, segundo Tiago Brandão Rodrigues, “correu globalmente muito bem”. “Um 3º período que aconteceu necessariamente com limitações, mas foi muito mais importante que tivesse acontecido do que não tivesse acontecido e tivéssemos desistido dos nossos estudantes.”

O ministro recorda aqueles que comentaram fazendo “muitos juízos simplistas, repentistas, imediatistas, relativamente ao esforço das direções das escolas, dos professores e até das famílias e dos alunos”, preferindo enaltecer o esforço coletivo e até compara o bom exemplo de Portugal com outros países que “desistiram dos seus alunos”.

O caminho no futuro terá que ser feito com “passos firmes e passos sólidos”, sempre com as orientações da Direção Geral de Saúde, admitindo haver “muito trabalho pela frente”. “Queremos criar condições de segurança e confiança para que o ensino seja presencial, queremos que ele aconteça em toda a sua plenitude (…) Sabemos bem que estar longe da escola implica falharmos com a sociedade.” O ministro assegura que o regresso presencial às salas de aulas é o seu plano A, mas admite existirem outros. “Já o disse três, quatro, cinco, seis vezes e poderia dizer uma dezena de vezes que o ministério da educação está a construir um plano A, um plano B, um plano C e por aí fora.”

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O ministro da Educação anunciou ainda que as escolas vão servir refeições até ao final do mês de julho aos alunos da Ação Social Escolar. “No final do mês de junho e durante o mês de julho, as escolas continuarão a servir essas refeições aos alunos da ação social escolar. Já sobre a ausência de um calendário com propostas concretas, onde apenas se sabe que o novo ano arrancará entre 14 e 17 de setembro, Tiago Brandão Rodrigues rejeita existirem atrasos, tal como afirmou o líder da FENPROF, Mário Nogueira.

“Muitos do atores da educação não entendem que neste momento temos que centrar para criar condições para dar respostas que não sejam vagas, que de certa forma não acabem por criar expectativas de consolidação, de confiança e segurança. Basicamente não estamos atrasados, estamos a trabalhar para que efetivamente se criem condições”, disse, acrescentando que o projeto Estudo em Casa será “acarinhado” pelo Governo e, por isso, serão criadas condições para que possa continuar.

Tiago Brandão Rodrigues recorda que ao longo do processo de regresso à escola, apesar de existirem alguns casos de Covid-19 nas comunidades, não está descrito nenhum caso de transmissão e propagação em ambiente escolar. “Isso é muito importante, mostra a segurança que existiu.”

Próximo ano letivo arranca entre 14 a 17 de setembro. Primeiras cinco semanas serão de recuperação

Para Brandão Rodrigues, não há dúvida de que “o pior sinal” que o Governo poderia dar às famílias “eram os avanços e recuos constantes relativamente as decisões que tomamos”. Uma ideia defendida por Marcelo Rebelo de Sousa, que garante não gostar da expressão. “As medidas vão sendo tomadas em função das necessidades. Nunca gostei da expressão avanços e recuos, nunca ninguém me ouviu a falar disso. Por uma razão muito simples, porque quando se toma a medida adequada é sempre um avanço”, afirma o Presidente da República a propósito da abertura de fronteiras.

“Ninguém tem as certezas absolutas relativamente à evolução da pandemia”, explica, adiantando que a Europa “não tem podido chegar a acordo relativamente a critérios comuns no domínio da abertura de fronteiras”, o que significa que cada estado toma decisões que se vão alterando no tempo em função da sua visão da situação interna e externa. Marcelo acredita que “não vale a pena fazer previsões sobre essa matéria” e por isso, após a generalização da abertura da fronteira com Espanha, que acontecerá no próximo dia 1 de julho, “ambos os estados estarão atentos à evolução da situação sanitária”.

Sobre a nomeação de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa volta a confirmar o que tinha dito ontem à noite, também no Porto, que tomou conhecimento da nomeação pela comunicação social e não por António Costa, adiantando que quando chegar esta sexta-feira a Lisboa terá a habitual audiência com o Primeiro-Ministro.

Sentou-se no chão com os mais novos e deu comida aos mais velhos. Marcelo foi ao Porto encontrar-se com quem mais precisa na pandemia

Numa visita à Escola Secundário Fontes Pereira de Melo, no Porto, uma das 19 Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE), um programa lançado há quatro anos que permite conciliar o sucesso escolar e desportivo a estudantes que são, simultaneamente atletas de alta competição, Marcelo e ministro interromperam uma aula de matemática e de físico química, questionaram os alunos do 12º ano sobre o que querem seguir no futuro, falaram debaixo de um carro com alunos do curso profissional de mecânica, conheceram alunos atletas por vídeochamada e acabaram a assistir a uma apresentação de ballet clássico.

As UAARE garantem atualmente cerca de 700 alunos-atletas ensino presencial ou a distância, durante o ano letivo, mesmo quando estão fora do país em competições desportivas.