Esta manhã, só foram abertas as portas aos reclusos do Estabelecimento Prisional da Carregueira (que tem 800 presos) depois das 9 horas, para que pudessem tomar o pequeno almoço. Razão do atraso de uma hora: receio de contágio por Covid-19, depois de três funcionários terem dado positivo naquela prisão. As portas estão a ser abertas por secções, por precaução, adiantou ao Observador o Sindicato do Corpo da Guarda Prisional. As visitas estão canceladas e, em princípio, serão retomadas na próxima semana.

O caso dos três infetados foi confirmado pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), depois de o Observador ter noticiado a situação na prisão. Em causa estão três funcionários que foram detetados na sequência do rastreio feito aos trabalhadores. Os trabalhadores em causa estão “assintomáticos” e”em isolamento nos seus domicílios”, detalhou a Direção Geral que garante ainda que todos os trabalhadores que tiveram contacto de proximidade com os infetados “já foram testados e os resultados recebidos foram todos negativos”.

O estabelecimento prisional está também a “proceder à avaliação dos contactos de proximidade suscetíveis de contágio que tenham tido com reclusos para que estes sejam, também, testados”, adianta a Direção Geral. O sindicato acusou as chefias e a direção do estabelecimento prisional de terem ocultado a situação. A DGRSP adianta que estes resultados lhe chegaram apenas esta quinta-feira, dia 25 de junho.

Este é mais um caso nas prisões na última semana, depois de outros três casos de coronavírus no Hospital Prisional de Caxias, isto dias depois de a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, garantir que não havia casos de coronavírus com origem no interior do sistema prisional.

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Três trabalhadoras infetadas no Hospital Prisional de Caxias

Recorde-se que a ministra Van Dunem disse, logo no início de abril no Parlamento e para defender a medida de libertação de alguns reclusos, que pretendia “evitar uma catástrofe” nas prisões, que considerava ser real caso o novo coronavírus entrasse nos estabelecimentos prisionais.

Na altura, a ministra da Justiça disse ainda que “estudos indicam que um caso de Covid-19 nos estabelecimentos prisionais permite, numa semana, uma contaminação de 200 reclusos e a partir daí os dados são geométricos. É preciso, por isso, criar espaços nos estabelecimentos prisionais que favoreçam a separação social”, disse a ministra, alertando que “a propagação do vírus numa cadeia faz-se como um rastilho”.

Por agora, a Direção dos Serviços Prisionais garante que quem contactou diretamente com os infetados do Hospital Prisional foi testado e o resultado para Covid-19 deu negativo, entre reclusos e funcionários. Mas a mesma garantia não é dada sobre a Carregueira, já que até agora apenas foram testados os funcionários e ainda estão a identificados os reclusos que possam ter estado em contacto direto com os infetados. Entretanto, as medidas de restrição apertaram esta sexta-feira, com as visitas aos reclusos que já estavam à porta da Carregueira a terem de voltar para trás.

Artigo corrigido porque a ministra não disse que não tinha havido casos nas prisões mas sim que “não há casos com origem no interior do sistema”.