Ola Källenius, o CEO da Daimler, que tem na Mercedes o principal fabricante, avisou que vêm aí cortes drásticos de salários, garantindo que serão os executivos os mais penalizados, embora sem especificar como. Agora, o mesmo Källenius volta à carga no corte da despesa, ao confirmar que a fábrica francesa da Smart tem os dias contados.
Se as reduções de vencimentos poderão ter sido uma surpresa, o encerramento da fábrica que foi inaugurada em 1997, perante os míticos Jacques Chirac e Helmut Kohl e que, de início, pertencia à Daimler e à Swatch, era algo que se adivinhava.
A Smart foi deficitária durante anos (toda a primeira geração?). Mais recentemente, para sobreviver, a Daimler entregou à Renault a concepção do chassi e mecânicas, além da produção da versão Forfour e as versões eléctricas, ficando apenas a produzir na fábrica de Hambach, em França, os mais pequenos ForTwo.
Mas, entretanto, a Daimler viu-se obrigada a acolher como accionista os chineses da Geely, que adquiriram 9,7% do grupo e, depois, 50% da Smart, cujos modelos irão passar a ser fabricados na China e 100% eléctricos.
Isto deixou Hambach fora da equação. Apesar das palavras de Källenius, que prometeu tentar encontrar um comprador para a fábrica gaulesa, é pouco provável que isso aconteça, pois praticamente todas as marcas, pelo menos os construtores tradicionais, têm hoje uma capacidade de produção excedentária.
A opção mais viável recai numa marca chinesa que queira implantar-se na Europa, eventualmente até a Geely, caso França lhe conceda algum tipo de protecção e vantagens, para comercializar no Velho Continente os seus eléctricos baratos.