A China já tinha prometido um firme contra-ataque e agora ameaça mesmo retaliar contra os Estados Unidos, um dia depois de o presidente Donald Trump ter posto fim ao estatuto especial de Hong Kong. As relações entre as duas potências económicas já eram tensas antes de março e agravaram-se com o início da pandemia de Covid-19. Agora, depois de a China ter aprovado uma nova lei de segurança nacional para a região autónoma de Hong Kong — alvo de críticas da comunidade internacional —, o presidente Trump está a usá-la como argumento para impor sanções comerciais a Hong Kong e ao resto da China.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês promete retribuir na mesma moeda e impor sanções aos Estados Unidos, bem como a cidadãos norte-americanos, avança o South China Morning Post, sem entrar em mais detalhes. No entanto, um especialista ouvido pelo jornal acredita que a resposta será semelhante às sanções tomadas contra quatro diplomatas norte-americanos no seguimento da polémica de Xinjiang, território onde a China é acusada de violar os direitos humanos contra a minoria muçulmana uigur. Pelo caminho, o ministério avisa que “os esforços dos Estados Unidos para impedir a implementação da segurança nacional de Hong Kong serão fúteis”.

“Pedimos aos EUA que corrijam os seus erros. Se seguirem obstinadamente esse caminho, a China dará uma resposta firme”, sublinhou, na sua resposta, o ministério. “Para defender os seus interesses legítimos, a China responderá conforme necessário e imporá sanções aos indivíduos e entidades americanos relevantes.”

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Na terça-feira, Donald Trump assinou nova legislação que, entre outras medidas, penaliza bancos que mantenham negócios com autoridades chinesas que tenham implementado a nova lei de segurança. Para além disso, Hong Kong perde o seu estatuto especial.

“Hong Kong agora será tratado da mesma forma que a China continental”, anunciou o presidente norte-americano. “Esta lei concede à minha administração novas ferramentas poderosas para responsabilizar os indivíduos e as entidades envolvidas na extinção da liberdade de Hong Kong.”

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A nova lei proíbe contestações, divisões, insubordinações, atos de terrorismo e conluio contra o governo chinês, o que levou a comunidade internacional a temer pela autonomia de Hong Kong, promessa feita por Pequim ao Reino Unido antes de receber o território de volta em 1997.

Também os poderes das autoridades policiais foram alargados podendo, por exemplo, fazer buscas sem mandado.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab já considerou que a nova lei de segurança nacional da China para Hong Kong “é uma violação clara e grave” da Declaração Conjunta Sino-Britânica, documento que abriu caminho para a transferência da ex-colónia do Reino Unido para o domínio chinês.

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