O Facebook revelou esta quarta-feira o resultado do primeiro relatório sobre o impacto da Covid-19 nas pequenas e médias empresas (PMEs). Ao todo, foram questionados “30 mil líderes de PMEs” num total de 50 países. O resultado “é preocupante”, diz a rede social. Em relação a Portugal, 36% das PMEs “garantem que a falta de dinheiro em caixa vai ser o próximo principal problema, e 23% das empresas já tiveram de reduzir o número de colaboradores”, avança o Facebook. Além disso, “23% das PMEs portuguesas confirmam que pararam a atividade“.
O que o Facebook revela hoje através de um inquérito a 30 mil líderes de PMEs é preocupante”, diz a empresa em comunicado.
Este relatório, intitulado de “Global State of Small Business Report [Relatório sobre o estado global dos pequenos negócios]”, é o primeiro de uma série de estudos que a empresa tem vindo a preparar em parceria com o Banco Mundial e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico). Estes relatórios começaram a ser preparados antes da pandemia de Covid-19 e havia “a expectativa de resultados positivos”, assume o Facebook. Porém, o cenário agora é completamente diferente.
Neste estudo, Portugal “destaca-se pela queda de vendas: 70% das PMEs inquiridas em Portugal com presença no Facebook confirma que as vendas estão mais baixas do que no ano passado”, assume a rede social. Em contraste com os congéneres europeus, os resultados também não são animadores: “Na Europa, Itália regista um número ainda pior: 76%”. Contudo, a “Dinamarca (48%), Suécia (51%) e Irlanda (52%) destacam-se pela menor quebra de vendas”.
São estes números que sustentam a afirmação da cessação de atividade da empresas. Outros países “como a República Checa, Alemanha e Suécia tiveram menos de 10% de fecho das PMEs, tendo em conta as particularidades de cada quarentena adotada“, diz o relatório. Contudo são casos atípicos num relatório que afirma que o caso português não é o pior: “Espanha regista ainda mais fechos (30%), assim como o Reino Unido (43%)“. A nível global, entre janeiro e maio deste ano, mais de um quarto das empresas fecharam, diz o Facebook. Adicionalmente, a rede social diz que estes dados “podem indicar que se aproxima uma longa crise de emprego”.
O Facebook diz ainda que “existe uma assinalável desigualdade de género entre as PMEs mais afetadas pela crise económica”. “Os negócios liderados por mulheres têm 7% mais probabilidade de fechar e Portugal não é excepção. Em Portugal, 73% das PMEs lideradas por mulheres estão abertas e operacionais, sendo que as lideradas por homens tem uma percentagem superior: 81%”, revela a rede social.
De acordo com o mesmo relatório, como descrito em comunicado, a nível global “54% das agências de turismo e 47% dos negócios de hospitalidade, como o alojamento local, anunciaram o fecho”. Em contraste, os países com “uma robusta digitalização das empresas” são os que têm resultados menos negativos que mostram que podem continuar a operar. Na Irlanda e Rússia, 65% das PMEs afirma que 25% ou mais das vendas foram exclusivamente online. Esta parcela, quando comparado com Portugal, também não é tão negativo, com 46% das empresas a afirma que faz 25% ou mais das vendas online.
“Em Portugal, apenas 39% dos líderes das PMEs estão optimistas em relação ao futuro do negócio, sendo um dos países mais pessimistas da Europa”, diz ainda o Facebook em comunicado. O Facebook, que detém, além da rede social com o mesmo nome, o Instagram, o Messenger e o WhatsApp, diz que o seu negócio “são as pequenas empresas”.
O Facebook espera que este relatório ajude a identificar as áreas mais urgentes e que precisam de apoio em cada país. O Facebook garante que vai ajudar estas empresas a atravessar este período particularmente difícil”
Reunião com Zuckerberg foi “dececionante”, dizem líderes do boicote ao Facebook
Atualmente, o Facebook enfrenta um boicote de 530 empresas, como a Unilever ou a Adidas, que tem ganho tração e visibilidade, principalmente depois de a Coca-Cola ter afirmado que, “durante um mês”, ia cessar todos os recursos que investe em marketing digital nas redes sociais. O objetivo é que a empresa mude as políticas quanto ao que considera discurso de ódio.