É a notícia que vai marcar o verão: Cristina Ferreira regressa à TVI para ser diretora de entretenimento e ficção da estação de Queluz de Baixo.

Quase dois anos depois de ter abandonado a TVI para ingressar na SIC, uma contratação que fez a estação de Francisco Pinto Balsemão retomar a liderança das audiências, a apresentadora vai fazer o caminho inverso. Mas com um poder muito mais reforçado face ao tempo em que era apenas co-apresentadora do programa da manhã com Manuel Luís Goucha, que já reagiu à notícia do regresso de Cristina: “Há dias muito felizes!”, partilhou o apresentador no seu Instagram.

No âmbito da reestruturação da TVI, a nova direção de informação da estação será anunciada na próxima semana. Ao que o Observador apurou, o jornalista Anselmo Crespo, atual subdiretor de informação da TSF e ex-editor de política da SIC, será o novo diretor de informação, tendo como subdiretores Pedro Mourinho (que sai da SIC) e João Fernando Ramos (ex-diretor adjunto da RTP). Fernando Ramos ficará como responsável pela redação do Porto. O Observador tentou contactar Anselmo Crespo mas até ao momento não tivemos sucesso.

A nova direção de informação deverá ser composta por mais dois elementos, sendo que um dos nomes falados é o jornalista Pedro Pinto, atual diretor interino da TVI que deverá ficar responsável pela TVI 24.

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Entretanto, Cristina Ferreira fez um novo esclarecimento sobre a sua saída da SIC. No Facebook fez a seguinte declaração: “Um dia alguém me disse que a casa mãe precisava de mim. Olhei e percebi que fazia lá falta”. A apresentadora refere-se à estação de Queluz de Baixo enquanto “casa mãe”. “Era preciso reconstruir paredes que tinham caído. Ninguém gosta de ver a casa da mãe a cair. E a filha volta para trabalhar. Encontra muitos dos amigos de braços abertos, novos inquilinos e sorrisos no rosto. Aí, as saudades do lugar do sonho (onde deixo uma das memórias mais bonitas da minha vida), dão lugar ao entusiasmo de perceber que está tudo certo. De verdade”, afirma ainda.

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© Instagram

Ao que o Observador apurou, não só Cristina Ferreira vai ser diretora de entretenimento, como ainda deverá liderar a subsidiária Plural (a produtora de conteúdos de ficção), ascender à administração da Media Capital e deverá ser acionista da holding da Media Capital. Um reforço de poder que apenas deverá ser suplantado por Nuno Santos, já anunciado como novo diretor-geral da TVI.

Cristina Ferreira poderá levar elementos da equipa do programa que apresenta todas as manhãs consigo para a estação de Queluz de Baixo. No rescaldo da notícia da saída da SIC para a TVI, a apresentadora partilhou um post no Instagram na companhia de André Manso — que em setembro de 2019 considerava ser o “melhor diretor de produção que alguma vez tive”, já antes informado “que ficará ao meu lado para sempre” — e ainda João Patrício, o realizador de “O Programa da Cristina”. Na legenda da fotografia em que surge acompanhada de ambos lê-se apenas “Juntos”.

© Instagram

É também no Instagram que está aquela que pode ser considerada uma reação mais imediata de Cristina à notícia que aqueceu a noite de sexta-feira. Num conjunto de stories publicadas há alguma horas, Cristina Ferreira escreve: “Não ter medo. Ser honesto. Viver o hoje. Há coisas que só nos acontecem uma vez. Se deixamos fugir podem nunca mais voltar.”

Cristina já não faz programa próxima 2.ª feira. SIC diz que apresentadora “decidiu cessar funções unilateralmente” e vai exigir indemnização

Foi com surpresa que a equipa que acompanha Cristina Ferreira n’ “O Programa da Cristina” terá recebido a notícia desta sexta-feira. O Observador sabe que a apresentadora já não vai conduzir o programa da próxima 2.ª feira, saindo da SIC com efeito imediato. Entretanto, em comunicado, a estação de Carnaxide também já reagiu à saída, esclarecendo que a apresentadora “decidiu cessar unilateralmente a sua ligação à SIC, colocando termo ao contrato que a vinculava até 30 de novembro de 2022”. A estação agradece ainda o trabalho de Cristina Ferreira, apesar da “decisão abrupta e surpreendente”.

De resto, o Observador apurou junto de fonte próxima do processo que a SIC se prepara para interpor uma ação judicial contra Cristina exigindo o pagamento de um indemnização de 4 milhões de euros por quebra de compromissos contratuais assumidos com a SIC, nomeadamente ao nível da publicidade e de outras receitas.

O Observador sabe ainda que o novo contrato com a Media Capital prevê que, face a um eventual cenário de obrigação de compensar a SIC pelo seu afastamento, a dona da TVI partilhará com a apresentadora esse valor de indemnização.

Cristina Ferreira: “Trata-se de um regresso à casa mãe ao qual era impossível dizer que não”

A agência que representa Cristina Ferreira foi a primeira a emitir comunicado a confirmar a informação avançada pelo Observador. A apresentadora diz que se trata de “um regresso à casa mãe, com funções distintas e um projeto ambicioso ao qual era impossível dizer que não. É uma escolha conduzida pelo afeto com a firme vontade de contribuir para recolocar a TVI no coração de todos os portugueses.”

Leia aqui o comunicado na íntegra da agência que representa Cristina Ferreira:

“Cristina Ferreira regressa à TVI como Diretora de Entretenimento e Ficção, tendo já manifestado a sua intenção de compra de participação na Media Capital, com o intuito de vir a tornar-se também accionista do canal televisivo. O regresso de Cristina à casa de origem acontece dois anos depois da sua saída, prevendo-se o início de funções a 1 de Setembro de 2020”.

Sobre este momento, Cristina Ferreira afirma: “Trata-se de um regresso à casa mãe, com funções distintas e um projeto ambicioso ao qual era impossível dizer que não. É uma escolha conduzida pelo afecto com a firme vontade de contribuir para recolocar a TVI no coração de todos os portugueses.” Cristina mostrará novas facetas da sua atividade profissional, para além da conhecida enquanto apresentadora.

No grande dia da estreia de O Programa da Cristina, ainda em janeiro de 2019

Cristina acrescenta ainda: “Neste momento de saída, não posso deixar de agradecer à SIC, à sua Administração, a oportunidade que me foi concedida e a possibilidade de trabalhar com profissionais de exceção. O meu muito obrigada a todos. A SIC é uma estação de televisão de referência, onde fui muito bem acolhida e para a qual formulo votos de maior sucesso profissional para o futuro.”

Cláudio Ramos também já reagiu ao regresso de Cristina Ferreira à TVI. O apresentador do Big Brother, que participava no “Programa d’A Cristina” recordou o momento em que se despediu de Cristina Ferreira quando saiu para a TVI e afirmou na sua página do Instagram: “aprendemos em criança que devemos voltar sempre ao lugar onde fomos felizes. Quando me despedi, disse-lhe: ‘tenho de ir! Mas sinto que vamos voltar a encontrar-nos’. Ficou triste mas deixou-me voar. Que não nos roubem a capacidade sonhar”, escreveu.

Também a Media Capital se juntou ao coro de boas vindas à apresentadora, adiantando ainda que Cristina iniciará as novas funções já em setembro. O Observador sabe ainda que Cristina Ferreira terá um programa em antena e ainda uma participação acionista inferior a 2%

Leia aqui o comunicado na íntegra:

“É com grande satisfação que a Media Capital dá conhecimento público que a TVI acaba de acordar com Cristina Ferreira a sua contratação como Diretora de Entretenimento e de Ficção.
“Este regresso à sua casa de sempre enche-nos de satisfação. Cristina Ferreira é querida dos portugueses e esta contratação reforça a estratégia do Grupo Media Capital de estar mais próximo das suas audiências, enriquecendo as áreas de Entretenimento e de Ficção do Canal”, afirmou Manuel Alves Monteiro, Administrador Delegado do Grupo Media Capital.

“Sabemos que a Cristina Ferreira manifestou já junto da Prisa a intenção de adquirir uma participação no capital social da empresa; a concretizar-se, esse facto reforçará a ligação de Cristina ao Grupo e dará um significado ainda mais profundo a este regresso à TVI”, acrescentou.

Cristina Ferreira iniciará funções no próximo dia 1 de setembro de 2020.”

A milionária transferência de 2018 para conquistar outros tantos milhões frente à TV

Foi em março de 2019 que a SIC voltou à liderança nas audiências ao fim de 12 anos, ultrapassando a fasquia obtida pela TVI por apenas uma décima: 18,6% contra 18,5%. Além de liderar as manhãs e as tardes, com as apresentadoras Cristina Ferreira e Júlia Pinheiro, a SIC tornava-se assim líder no universo de todos os canais desde a estreia da nova grelha a 7 de janeiro, contando para isso com o indiscutível impulso das maiores estrelas da estação, com Cristina como ponta de lança desta reviravolta. Para trás ficava a “bomba” da notícia da mediática transferência, anunciada ao mundo a 22 de agosto de 2018, largos meses de especulação sobre os contornos da sua missão na SIC, e uma despedida com a devida pompa na sua própria revista. De resto, e a avaliar pela chamada de capa, só os menos atentos ou mais céticos da sua profecia poderão agora mostrar surpresa com este regresso. “Adeus (que não é para sempre)”, garantia Cristina. (talvez só não se prevesse que passariam apenas dois anos)

A capa que assinalou a despedida da TVI. Um Adeus que não é para sempre, deixava no ar a apresentadora, rodeada de Pedro Teixeira e de Manuel Luís Goucha

De resto, foi a ganhar que a apresentadora entrou em campo logo em janeiro de 2019, quando o novo formato “O Programa da Cristina” se estreou em antena — nessa segunda-feira, os dados provisórios desde logo apontaram para uma assistência média superior a meio milhão, correspondendo a uma adesão de 35,5%, contra 24,7% ao programa da TVI, para uma vitória expressiva frente ao antigo colega de ecrã, Manuela Luís Goucha. Não era para menos: o alinhamento incluiu até uma inesperada chamada de Marcelo Rebelo de Sousa, que interrompeu “uma reunião” para desejar boa sorte à apresentadora recém-chegada.

“Interrompi aqui uma reunião”: Marcelo liga em direto para programa de Cristina Ferreira

Mas o impacto não ficaria por aqui — quem apostou que os números começariam a cair depois da euforia da estreia, enganou-se — até porque os alinhamentos seguintes não abrandaram o ritmo. De António Costa a Luís Filipe Vieira, passando por todos os quadrantes, Cristina foi a anfitriã de um elenco de primeira linha que dia após dia visitou a sua “casa”, na qual dava cartas como protagonista depois de vários anos a dividir atenções com o amigo Goucha.

Presidentes, bidés e 5.000 euros. Vi o Programa da Cristina para o leitor não ter de ver (mas amanhã não perca)

Uma nova etapa que não terá motivado muitas hesitações na hora de dizer “sim” ao novo desafio. Depois de ter ouvido a proposta da SIC, nesse outro verão quente de há dois anos, Cristina Ferreira terá comunicado à TVI a intenção de sair, volvida uma relação de 16 anos, e não terá aberto qualquer espaço para uma contraproposta da estação de Queluz. A apresentadora terá valorizado o desafio dos muitos projetos que lhe foram apresentados, e apostado no potencial de satélites como o seu blogue, Daily Cristina, a sua revista em formato papel, com o seu nome, e outras extensões do seu vasto império, como a loja Casiraghi Forever, inaugurada em 2006.

O que ela andou para aqui chegar: o que é preciso para ser uma Cristina Ferreira?

Não por acaso, em janeiro de 2019, em vésperas do arranque, o Observador recordava o triunfante caminho da miúda da Malveira que passo a passo se convertia numa das mais influentes figuras do país e que além do formato matinal viria a ocupar a antena em outros formatos — há cerca de um ano era o rosto de “Prémio de Sonho”. Em setembro de 2017, ainda a distância da transição para a SIC, já a liderança nas redes sociais cabia a Cristina, que dividia atenções com Cristiano Ronaldo, o outro nome galático neste embate digital.

A limpeza da casa e outras reviravoltas no mercado televisivo

Se o final da semana foi explosivo, os meses que antecederam a notícia desta sexta-feira não terão sido menos agitados. A situação da TVI entrou num turbilhão de mudanças a partir do momento em que o negócio de compra por parte da Cofina caiu e o empresário Mário Ferreira, da Douro Azul, entrou em cena, ainda em maio, ao comprar 30,22% da Media Capital. Apesar de recentemente a empresa ter afirmado que Mário Ferreira não estava a definir as mudanças que se foram verificando na estação de Queluz de Baixo, a verdade é que desde esse momento muita coisa mudou.

Uma das primeiras alterações a chegar aos olhos do público foi a saída de Ana Leal. Nos primeiros dias do mês de julho a jornalista de investigação, que já se encontrava suspensa há algumas semanas e entrara em choque com a direção de informação de Sérgio Figueiredo, anunciou via Facebook que os seus 20 anos de casa tinham chegado ao fim. A sua saída, se bem que inesperada, não foi totalmente surpreendente, já que há muito se via envolvida num ambiente de conflito com a estação televisiva.

Poucos dias depois deste anúncio, nova alteração: o diretor de informação Sérgio Figueiredo, sai de cena. “Desejamos ao Sérgio o melhor sucesso pessoal e profissional no seu futuro”, lê-se no comunicado que a estação emitiu e que indicava que “até à nomeação de uma nova direção”, o responsável pela informação da TVI seria à altura o sub-diretor de informação, Pedro Pinto. Figueiredo estava no grupo Media Capital desde 2015.

Luís Cabral deixa Media Capital e é substituído por Manuel Alves Monteiro no cargo de CEO

Apesar deste suceder de saídas, a grande alteração veio a público uma semana depois numa espécie de dois em um. No mesmo dia foi anunciado que a Media Capital passaria a ter um novo CEO e a TVI um novo diretor geral. No primeiro caso o testemunho foi passado de Luís Cabral para Manuel Alves Monteiro, homem da confiança de Mário Ferreira (foi vogal da Mystic Invest, empresa controlada pelo homem da Douro Azul) que já fora presidente da Bolsa de Lisboa e na altura fazia parte da administração não executiva da Media Capital. Em comunicado o grupo explicava que Luís Cabral tinha apresentado “renúncia ao seu cargo nos órgãos sociais da Sociedade”. Na direção-geral da TVI entrava Nuno Santos, que até então era diretor de programas e assumiu funções de imediato, ficando prometido “para breve” o anúncio da nova estrutura da TVI.  Santos assumira em janeiro a liderança da programação da TVI depois de deixar o canal 11, da Federação Portuguesa de Futebol.

Um dia depois foi a apresentadora Leonor Poeiras a anunciar, via redes sociais, que também tinha sido dispensada do canal televisivo, alegando que já há algum tempo não se sentia confortável na TVI (diz que soube pelas redes sociais que já não iria apresentar a segunda temporada do reality show ‘Cabelo Pantene – O Sonho’) e que a dada altura Nuno Santos, diretor-geral do canal, lhe disse que estava “livre para procurar trabalho”. Esta realidade causou alguma fricção entre ambas as partes, com a estação a desmentir a apresentadora, mas o assunto não voltou a ser discutido. Entretanto, a pivot das manhãs informativas da TVI Patrícia Matos também anunciou — via redes sociais — que deixaria a estação, arriscando-se num projeto até fora da televisão.

Ao contrário do que o Observador inicialmente avançou, a SIC prepara-se para exigir como indemnização a Cristina Ferreira não 2 mas 4 milhões de euros, uma informação atualizada pelas 20h30.