O Twitter começou uma ação em larga escala contra utilizadores que tentam defender o ativismo QAnon, uma teoria da conspiração que alega que há uma estratégia concertada de um governo secreto (deep state) contra o Presidente dos EUA, Donald Trump. Num tweet, a rede social diz que iniciou esta limpeza para evitar “males [no mundo] offline”. A medida vai atingir 150 mil contas.

Com esta ação, a plataforma baniu 7.000 contas e limitou outras 150 mil, contou um representante do Twitter à NBC News. “Temos estado a monitorizar a situação de perto e determinamos que agora é necessária uma ação adicional, de acordo com as regras do Twitter, devido a políticas de manipulação de spam e plataforma, além de comportamento abusivo”, justificou a rede social. O mesmo canal de notícias afirma não revelar o nome do representante do Twitter para evitar futuros assédios.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os ativistas desta teoria da conspiração, que alegam também que alguma oposição democrata a Donald Trump está envolvida em tráfico sexual e pedofilia, têm ganhado mais relevância nos últimos anos. Em novembro de 2019, inclusive, alguns defensores da teoria chegaram a ser eleitos em eleições primárias republicanas para disputar cargos nos congressos locais.

Em 2019, o 8chan — um fórum online no qual os utilizadores podem publicar de forma anónima comentários — esteve também envolvido em polémicas devido a ser um local onde vários defensores desta teoria partilham as suas convicções. O 8chan veio a fechar em agosto de 2019 por ter sido a plataforma que o homem envolvido no massacre de El Passo, nos EUA, que matou 23 pessoas e deixou outras 26 feridas, usou.

8chan, o fórum “esgoto de ódio” onde os supremacistas publicam manifestos, pode fechar. Fará diferença?

Nas últimas semanas, vários utilizadores que propagam esta alegação do QAnon, têm estado mais ativos no Twitter. Os defensores desta teoria também costumam utilizar grupos de Facebook e conversas na plataforma de chat Discord para propagar as suas ideias.

Recentemente, a modelo Chrissy Teigen foi uma das vítimas destes ativistas. Os utilizadores acusam a modelo que tem cerca de 13,1 milhões de seguidores no Twitter de estar ligada a redes de pedofilia. Em defesa, Teigen disse: “Vocês não têm o “direito” de coordenar ataques e fazer ameaças de morte. Não é uma “opinião” chamar as pessoas de pedófilos que violam e comem crianças”, escreveu.

Esta decisão do Twitter surge depois de, na semana passada, a rede social ter sofrido uma das maiores quebras de segurança da história. Um grupo de hackers [piratas informáticos] conseguiu aceder a conta de pessoas como Barack Obama, Joe Biden, Bill Gates, Elon Musk, Kanye West, e empresas como a Apple e a Uber na última quarta-feira e pediu um resgate em criptomoedas. Após abrir uma investigação e assumindo que funcionários do Twitter estiveram envolvidos no ataque, a rede social desculpou-se: “Estamos envergonhados, desapontados e, mais do que tudo, pedimos desculpa”.

“Estamos envergonhados e desapontados”. Twitter pede desculpa e assume que funcionários seus fizeram parte do ataque à rede social