É um entre vários, mas não é um qualquer: o ministro dos Transportes do Reino Unido, Grant Shapps, é um dos milhares de britânicos que estavam em Espanha quando o seu governo anunciou que todas as pessoas que dali voltassem para solo britânico teriam de fazer uma quarentena de 14 dias.

De férias desde sábado, um dia depois de ter anunciado que Portugal continuaria na lista de países desaconselhados para turistas britânicos, Grant Shapps viajou para Espanha com a sua família para  passar as suas férias de verão. Quando o seu avião levantou voo, Espanha ainda não fazia parte daquela lista.

Porém, já quando Grant Shapps e a sua família estavam em solo espanhol, o governo britânico tomou a decisão de reagir ao pico de casos anunciado pelas autoridades espanholas, colocando assim Espanha na “lista vermelha”. O que obriga agora a que toda a família do ministro, e ele próprio, façam quarentena quando regressarem a casa.

Foi uma atualização extemporânea, já que o Reino Unido anunciou que a lista seria atualizada apenas de semana a semana. “Como resultado, Espanha foi retirada da lista de países em que todos os passageiros que dali cheguem a Inglaterra, Escócia, País de Gales ou Irlanda do Norte estão isentos de se auto-isolarem”, referiu o governo.

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Estas medidas, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, foram tomadas com o consentimento do próprio ministro dos Transportes. Em entrevita à Sky News, Dominic Raab disse que ligou ao seu colega quando este já tinha aterrado em Espanha, numa conversa onde Grant Shapps “reconheceu que tínhamos de tomar medidas”.

Os porta-vozes do Ministério dos Transportes já fizeram saber que Grant Shapps planeia concluir as suas férias em Espanha como planeado e, ao regresso, irá colocar-se em auto-isolamente durante os 14 dias estabelecidos.

A oposição do Partido Trabalhista já reagiu, com o tom crítico que se fazia adivinhar. O ministro-sombra da Saúde, Jonathan Ashworth, reagiu à notícia dizendo que “não dá para inventar uma coisa destas”.

A deputada trabalhista Diane Abbott, uma das mais destacadas durante a liderança de Jeremy Corbyn mas entretanto afastada da ribalta com a eleição do novo líder, Keir Starmer, também reagiu. “Vários ministros teriam de saber com antecedência que havia a possibilidade de ser imposta uma quarentena aos veraneantes que voltem de Espanha. Mas pelos vistos ninguém se deu ao trabalho de avisar Grant Shapps”, escreveu no Twitter.