Anthony Levandowski é um engenheiro que trabalhou na Waymo, a divisão de veículos autónomos da Alphabet, casa-mãe da Google. Um belo dia, Levandowski decidiu abandonar a empresa para criar a sua, o que é perfeitamente legal. Já o mesmo não se pode dizer do facto de ter levado consigo 14.000 documentos da Waymo, com 9,7 gigabytes de informação. Com esta informação formou a Otto, a sua empresa especializada em condução autónoma, que passados sete meses vendeu à Uber por 680 milhões de dólares. Um negócio que, como seria de esperar, a Alphabet não apreciou, pelo que processou Levandowski e a Uber.

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A Uber tentou ultrapassar a situação em que se meteu – a Waymo acusou-a de já estar em negociações com Levandowski quando este ainda trabalhava para a Alphabet –, chegando a um acordo extrajudicial e pagando 245 milhões de dólares (em acções da companhia), comprometendo-se a não utilizar a informação roubada pelo engenheiro. Uma limitação grave, uma vez que era a base do sistema que a Uber estava a tentar implementar.

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Levandowski, pelo seu lado, realizou outro acordo com a Waymo, pagando 179 milhões de dólares para fazer desaparecer do processo 32 das 33 acusações. Caso avançassem todas, deveriam colocar o engenheiro na prisão durante pelo menos 10 anos. Este cenário mais negro está afastado, mas resta uma acusação que o procurador faz questão em impor, prendendo-o durante 27 meses.

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A defesa do engenheiro alega que, com a actual pandemia da Covid-19, estes dois anos e três meses de prisão poderiam corresponder a uma pena de morte. O procurador prefere concentrar-se na lição que é necessário transmitir aos que trabalham em Silicon Valley e que, por vezes, não olham a meios para ganhar milhões com propriedade intelectual que não lhes pertence.

Aos 27 meses de prisão deliberados pela justiça, o acusado contrapõe com 12 meses em domiciliária, pelo que o juiz tem a palavra.