Precisamente a um mês do início da Festa do Avante!, a organização diz que “está preparada para tudo”. Aos jornalistas, Alexandre Araújo — diretor da Festa e membro do Comité Central do PCP — diz que o partido nunca pensou em “cancelar” esta que será a 44ª edição da icónica festa e que “todos os anos há novos desafios e dificuldades que obrigam a festa a adaptar-se”. O PCP fez chegar à Direção Geral de Saúde um documento “com propostas de medidas de prevenção e controlo da infeção” e, ao Observador, a DGS diz que “está neste momento a apreciar”, não avançando no entanto nenhuma data para divulgar as sugestões de alteração e recomendações que fará aos comunistas.

Festa do Avante. PCP suspende afixação de cartazes, mas prevê mais 10 mil m2 para o festival

O PCP até reforçou as áreas disponíveis no recinto para garantir a maior distância possível entre os participantes e a Juventude Comunista Portuguesa já coreografou (para servir de exemplo) a Carvalhesa, mas em relação ao número de pessoas que este ano são esperados na Quinta da Atalaia o PCP recusa, para já, comentar. Questionado sobre se o número de bilhetes, as EP (Entradas Permanentes para os três dias da Festa do Avante!), atualmente vendidos está acima ou abaixo dos últimos anos, Alexandre Araújo não responde, nem esclarece se foi estabelecido um número máximo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A organização diz que enviou à DGS “desde a primeira hora” o tal documento e que está a “fechar o plano de contingência”, mas questionado pelo Observador o PCP diz que não tem nos planos divulgar as recomendações que a DGS fará. No que diz respeito ao acesso às exposições, Alexandre Araújo admitiu que possa “ser condicionado” e para os artistas em palco as mudanças deverão ser mais morosas. “Somos conhecidos por demorar cerca de 5, 7 minutos entre bandas. Agora não pode ser porque há uma série de regras e higienização dos materiais. Haverá pequenos filmes nos ecrãs laterais do palco”, anuncia Madalena Santos que pertence à organização da Festa do Avante! desde a primeira edição.

Avante sem espaços fechados, com mais área de recinto e esplanada e restaurantes em take-away. Montagem começa já no sábado

Certo é que, nos últimos anos, a Quinta da Atalaia tem recebido cerca de 100 mil pessoas ao longo dos três dias e que muitos dos participantes optam por permanecer também em regime de acampamento. Também aqui há alterações, mas a organização da Festa do Avante! ainda não quis especificar quais, acrescentando apenas que “a lotação é limitada”. Mas quem quer assistir aos concertos — todos eles de artistas de língua portuguesa — ou aos espetáculos de teatro (que este ano serão ao ar livre) pode preparar-se já para respeitar os “lugares marcados”. A organização diz que no espaço de teatro “pode haver” cadeiras, mas nos palcos de concertos as marcações deverão ser feitas no chão.

O PCP não quer abdicar daquele que diz ser um momento importante para vincar a defesa dos “direitos dos trabalhadores” e uma realização política que quer vincada, mas diz que não haverá exceções concedidas ao partido. As regras que vigorarem na Área Metropolitana de Lisboa irão aplicar-se de igual forma no decorrer da festa. Recorde-se que, por exemplo, atualmente é proibida a venda de bebidas alcoólicas a partir das 20 horas (exceto em restaurantes a acompanhar a refeição) e os restaurantes têm de estar encerrados e sem qualquer cliente no interior à 01h00 da manhã, com limite para receber clientes à meia-noite. Fica por perceber, caso estas regras se mantenham, como serão cumpridas nos três dias da festa na Quinta da Atalaia.

Mas além do esforço que as centenas de voluntários envolvidos na preparação da festa estão a fazer para garantir os espaços de higiene e desinfeção ao longo do amplo recinto, os comunistas contam com “a responsabilidade individual” de quem vai participar nesta edição da Festa do Avante! para que não haja quebra das regras de higiene e distanciamento social recomendadas pelas autoridades de saúde a toda a população. Não será de esquecer que os ajuntamentos estão limitados, para ja, às 20 pessoas em Portugal continental e às 10 na Área Metropolitana de Lisboa.

PCP responde às críticas que tem ouvido sobre a Festa do Avante e apresenta cinco justificações para a realizar

“A capacidade de organização que o PCP já demonstrou aliada à responsabilidade cívica e individual demonstra que é possível usufruir da vida, cultura, convívio ao mesmo tempo que se defendem os aspetos de salvaguarda de saúde pública”, apontou Alexandre Araújo otimista com as adaptações já realizadas e a postura dos participantes no evento.

Nas principais alterações já conhecidas estão os restaurantes em regime de self-service e as áreas de esplanada maiores, o aumento da área do recinto, a existência de apenas duas máquinas multibanco no recinto para que seja “privilegiado o pagamento contactless”, maiores instalações sanitárias com equipas de limpeza em permanência (com encerramento em horários fixos), a recomendação do uso de máscara no recinto (que é obrigatório no acesso a espaços e em todos os serviços de atendimento), mais pontos de água e sabão nas esplanadas e organização de filas nos pré-pagamentos e espaços de restauração (também eles em menor número que nas edições anteriores) para cumprir o distanciamento físico.