Ainda não há uma decisão final sobre a realização da festa do Avante e o PCP dá sinais de cautela — os cartazes não estão a ser afixados e Jerónimo de Sousa deixa claro que é preciso esperar para ver o que acontece —, só que a edição do Avante desta quinta-feira já dá detalhes do que se pode esperar na próxima edição.

Em entrevista ao Público, Jerónimo de Sousa não dá como fechada a realização do festival. Perante uma pergunta clara — “cancelada não vai ser, correto?” — o líder comunista preferiu não ser “tão rotundo”: “Nós dizemos com franqueza: naturalmente queremos fazer a nossa festa do Avante! Faltam dois meses e tal… veremos”. É preciso esperar “o que as circunstâncias poderão ditar”.

Jerónimo de Sousa refere, ainda assim, que vão ser usados “30 hectares no total, 30 campos de futebol para a realização da festa” e que o espaço na Atalaia é “enorme, verde, cria todas as condições para que os visitantes possam usufruir com condições sanitárias”.

Esta terça-feira, no final de uma audiência com o Presidente da República, Jerónimo de Sousa tinha reafirmado a ideia de manter a festa do Avante. “Pela enésima vez, dizer que a festa está marcada desde o ano passado, estamos a pensar realizá-la, acompanhada naturalmente de uma avaliação das circunstâncias em que ela se vai realizar“.

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Há meses que não é afixado nenhum cartaz sobre o festival, nota a SIC, a quem o PCP reconheceu que, por causa da pandemia, está suspensa a produção e afixação do material alusivo à festa comunista. A decisão final só deverá ser tomada em meados de agosto, segundo a SIC.

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Quem, no entanto, ler a edição do Avante desta quinta-feira fica já a saber o plano das festividades. E a convicção de que a Festa do Avante vai mesmo realizar-se contrasta com as declarações de Jerónimo de Sousa.

“Sim, é possível continuar a viver (e lutar) e salvaguardar a saúde pública”, lê-se no jornal comunista. “Isso mesmo demonstrará a edição deste ano de 2020, com mais área e esplanadas mais amplas, espectáculos respeitando normas de segurança e serviços adaptados às circunstâncias”.

Assumindo que “o grande desafio é realizar a Festa assegurando as medidas de segurança sanitária”, o jornal diz, no entanto, que “só quem não conhecer o coletivo partidário comunista e os amigos da Festa do Avante! é que poderá sinceramente duvidar do êxito de tal empreendimento”.

“Fácil não será, é certo, como nada o foi para o PCP e a sua Festa. Mas não será seguramente impossível: com organização, tenacidade e criatividade”, promete o Avante, que dá mais detalhes sobre a organização do festival.

O recinto terá mais 10 mil m2, contribuindo, segundo o Jornal Avante, “para o descongestionamento e o alargamento dos diferentes espaços”. E haverá três palcos centrais “de grande dimensão”: “o Palco 25 de Abril contará com mais 6000 m2; o Auditório 1.º de Maio deixa de ter cobertura passando a ser um espaço aberto, ao ar livre, com cerca de 5000 m2; será ainda criado um terceiro palco de grandes dimensões, que aglutinará a programação prevista para outros palcos”.

Em cada um destes espaços “será feita a delimitação física das áreas com a marcação de corredores e circuitos e haverá assistentes de plateia a ajudar ao cumprimento das regras”, promete o Avante.

A abertura das portas para o recinto será antecipada, “de modo a evitar grandes aglomerações e cruzamento de fluxos de entradas e saídas”, e estão previstos “canais de saída do recinto mais alargados”.

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As exposições terão ainda “controlo de entrada e um circuito linear, com entrada e saída”; o Espaço do Livro “não será, este ano, num espaço fechado, passando a funcionar numa área ampla e com sombra”; e o Espaço Criança terá mais espaço, “estando ainda em estudo os procedimentos a adotar relativamente à forma de utilização dos equipamentos”. A Corrida e a Caminhada ficam canceladas.

O jornal do Avante promete uma “redução substancial de paredes e da densidade de construção, tanto nos espaços das organizações como nos centrais”, o que “permitirá um grande alargamento dos espaços de esplanada, de modo a garantir a colocação de mesas e assentos com o necessário distanciamento”. E serão alargados os espaços de vestiário “destinados a todos os que cumprem turnos de serviço”.

As filas do pré-pagamento e espaços de restauração vão ser organizadas “de modo a cumprir o necessário afastamento físico”; as questões da higiene e segurança alimentares “merecerão uma redobrada atenção”, nomeadamente ao nível de equipamentos de proteção individual e dispensadores de álcool gel; e haverá oito instalações sanitárias, uma das quais exclusivas para crianças.

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