Durante os meses de confinamento na maioria dos países (de abril a junho), as receitas da Farfetch, loja online de moda de luxo, subiram 74% face ao mesmo período de 2019 totalizando 365 milhões de dólares. Já os prejuízos depois de impostos mais do que quadruplicaram face aos mesmos meses de 2019: de 95 milhões, passaram a 436 milhões de dólares, segundo os resultados apresentados esta quinta-feira, após o fecho da bolsa de Nova Iorque.
O volume de negócios da empresa liderada por José Neves subiu 48% no segundo trimestre do ano face ao mesmo período do ano passado, para 721,310 milhões de dólares.
Segundo José Neves, fundador e presidente executivo da empresa, o segundo trimestre de 2020 “foi um recorde para a Farfetch”.
(…) Atraímos mais de meio milhão de novos consumidores — o maior valor de sempre, e marcas e retalhistas juntaram-se para oferecer a mais ampla seleção de moda de luxo que já vimos no Marketplace. Temos o prazer de apoiar um número muito grande de marcas de luxo líderes do mundo que estão a aproveitar a nossa plataforma global para navegar no cenário atual”, disse o empreendedor português.
“Acredito que esta aceleração contínua por detrás dos nossos negócios resulta de uma mudança de paradigma nas compras de luxo“, acrescentou ainda. Na apresentação de resultados, José Neves falou mesmo numa “significativa mudança da procura dos consumidores para o online”, com a pandemia da Covid-19. No primeiro trimestre do ano, também ele já marcado pela pandemia, a empresa tinha faturado 611 milhões de dólares, com as receitas a crescerem 90% e os prejuízos depois de impostos a “permaneceram relativamente inalterados”.
Farfetch fatura 611 milhões durante a pandemia, prejuízos atingem 79 milhões
Elliot Jordan, o responsável financeiro da empresa cotada na bolsa de Nova Iorque, refere, por sua vez, que os resultados do segundo trimestre “mostram o momento de aceleração da plataforma”. De abril a junho, “vimos os níveis sem precedentes de envolvimento dos utilizadores, de downloads da aplicação móvel e as transações impulsionadas por novos consumidores”.
O responsável acredita que “a forte trajetória do negócio” coloca a empresa “no caminho” para alcançar os lucros em 2021, “especialmente porque vimos a aceleração dos negócios continuar no terceiro trimestre”. Essa meta já tinha sido anunciada por Elliot Jordan em fevereiro deste ano e repetida por Luís Teixeira, responsável pelas operações da Farfetch, em entrevista ao Observador.
Aliás, o EBITDA [isto é, os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] ajustado melhorou face ao segundo trimestre de 2019 — passou de 37,576 milhões negativos para 25,175 milhões de dólares negativos, um “progresso” perante o objetivo de tornar a empresa rentável no próximo ano.
O mercado reagiu em alta à apresentação de resultados. As ações da Farfetch subiram mais de 4% depois da publicação dos números referentes ao segundo trimestre de 2020.
A Farfetch foi fundada em 2008 por José Neves, tem sede em Londres e, desde 21 de setembro de 2018, que está cotada na bolsa de Nova Iorque. Foi a primeira startup portuguesa a valer mais de mil milhões de dólares.