O aumento dos números de novos casos de infeção podem levar Portugal a voltar à “lista negra” de viagens do Reino Unido, avisa a imprensa inglesa. O país tem uma média de 18,1 infetados por cada 100 mil habitantes nos últimos sete dias, muito perto do limite de 20 infetados por cada 100 mil habitantes estipulado pelo Reino Unido para manter um corredor aéreo com determinado país.

O título do liveblog de viagens do The Telegraph mencionava a situação no país às 15h49: “Portugal pode perder o seu corredor aéreo [com o Reino Unido] esta semana”. Citando um líder de empresa de consultadoria de turismo, o prestigiado jornal inglês, apoiante do Governo conservador de Boris Johnson, diz que Portugal está muito perto do limite estipulado pelo Reino Unido para incluir um país na “lista negra”.

É provável que Portugal regresse esta semana” à lista negra, até porque o “país está a preparar-se para entrar em estado de contingência a 15 de setembro”, afirma Paul Charles, líder da empresa The PC Agency.

“O país não foi capaz de gerir o número de casos nos últimos 15 dias à medida que entraram mais turistas em Portugal, especialmente em Lisboa e no Porto”, acrescenta Charles. O mesmo especialista já tinha feito o mesmo tipo de afirmações ao Daily Mirror durante o dia de sexta-feira.

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O Governo de Boris Johnson anunciou na quinta-feira a retirada da Suíça, República Checa e Jamaica da sua lista de corredores aéreos. Ou seja, todos os turistas britânicos ou cidadãos estrangeiros que tenham viajado para esses países ficam sujeitos a uma quarentena de 14 dias quando regressam ao Reino Unido.

Portugal saiu da “lista negra” do Reino Unido a 22 de agosto, data em que o país contava 241 novos casos. Este sábado, foram registados 374 novas infeções, depois dos 401 que foram revelados na sexta-feira (o maior número desde 10 de julho) e os 399 de quinta-feira — números, aliás, noticiados pelo The Independent como “preocupantes” para o “estatuto” de que Portugal usufrui nos corredores aéreos britânicos.

O pneumologista Filipe Froes também já tinha alertado para a possibilidade de Portugal ser excluído dos corredores considerados seguros pelo Reino Unido. “Demorámos tempo demais a ganhar o corredor turístico seguro para o Reino Unido e, como não maximizámos a capacidade de eliminar as cadeias de transmissão na comunidade, arriscamos voltar a perder o corredor”, afirmou o também coordenador do gabinete de crise Covid-19 da Ordem dos Médicos. E avisou: “A segunda vaga está a chegar e nós vamos lá chegar com menos capacidade do que desejávamos”.

Portugal “arrisca perder o corredor seguro” para o Reino Unido, alerta Filipe Frois