O diretor executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, Francisco Monteiro, disse esta terça-feira à agência Lusa que as declarações do líder do Chega sobre os ciganos são hipócritas e ilegais, e que o Estado deve atuar contra o “discurso de ódio”. “Isto é uma coisa desonesta, é uma coisa suja, reprovável e além do mais ilegal”, disse Francisco Monteiro, reagindo às palavras de André Ventura sobre a candidatura presidencial de Ana Gomes.

O reeleito presidente do partido Chega e anunciado candidato presidencial definiu a ex-diplomata Ana Gomes como “a candidata cigana”, após esta se ter apresentado como concorrente às eleições para a Presidência da República de janeiro de 2021.

Numa certa metáfora, Ana Gomes é a candidata cigana destas Presidenciais. Eu sou o português comum”, disse Ventura, em declarações à agência Lusa.

“É uma afirmação hipócrita e injusta, porque tudo isto só serve para caçar votos da extrema direita. O objetivo do Chega é caçar votos de qualquer maneira: achincalhando, sendo racista, usando o discurso contra os ciganos que ele usa já há muitos anos, desde o tempo em que estava no PSD”, acrescentou o responsável pela Pastoral dos Ciganos.

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Para Francisco Monteiro, é “muito importante” que o Estado, “e não apenas o governo”, venha a atuar de forma rápida contra este discurso racista e anticigano.

“Se a Justiça neste país funcionasse como deve ser, com as leis da União Europeia e as nossas sobre o racismo e o discurso de ódio, o responsável do Chega já devia estar com um ‘processo em cima'”, disse ainda o responsável, sublinhando que os ciganos sofrem “infelizmente” todos os dias com este tipo de discurso.

“Ana Gomes é a candidata cigana”, diz André Ventura, que garante demitir-se caso tenha menos votos