O responsável pela Investigação e Desenvolvimento da Mercedes, Marcus Schäfer, disse que o fabricante alemão vai “eliminar as transmissões manuais”. A medida afectará sobretudo o Velho Continente, pois é nos mercados europeus que esta opção é mais apreciada, embora o declínio da procura que se tem registado nos últimos anos justifique o fim do investimento no desenvolvimento de caixas de velocidades manuais.
Este não será o único corte inscrito no plano de redução de custos de produção que a marca da estrela pretende implementar até 2025, de forma a crescer de forma mais lucrativa no segmento do luxo e assegurar o financiamento requerido pelos seus planos de electrificação.
Recorde-se que, além do EQC e do EQS que estará para breve (2021), a Mercedes trabalha num SUV do EQS e no EQE, a que se juntarão também o EQA e o EQB. Nos comerciais, onde até agora a oferta puramente eléctrica fica entregue ao EQV, está igualmente planeada para 2022 uma versão a bateria do Citan, com base na nova geração do Renault Kangoo – será o novo Classe T, um furgão de passageiros mas de posicionamento premium.
Para a Mercedes, a concretização dos planos de electrificação passa por, a curto prazo, reduzir os custos fixos de 2019 em mais de 20% até metade da década, o que implica que a verba alocada a Investigação e Desenvolvimento baixe na mesma medida nesse período. A palavra de ordem é “simplificar”, pelo que da mesma maneira que a transmissão manual vai ser gradualmente retirada da oferta da marca, também os motores de combustão interna e as plataformas vão ser alvo de racionalização. O que acarretará, in extremis, uma profunda revisão do portefólio de produtos, potencialmente com ênfase nos compactos (por estes serem, tradicionalmente, os que libertam menos margens).
A complexidade aumenta os custos. Vamos reduzir o número de produtos futuros, reduzir substancialmente as plataformas, os motores de combustão serão drasticamente reduzidos e vamos eliminar a transmissão manual. Estamos a adoptar uma estratégia mais modular e reduziremos significativamente o número de opções”, revelou Schäfer à Autocar.
Cortar “drasticamente” nos motores térmicos passa por reduzir em 70% a quantidade de alternativas disponíveis, avançam outras publicações. Face a esta meta, o mais natural é que sejam os diesel o elo mais fraco.
Quanto à aplicação do crivo da poupança nas arquitecturas, é de esperar que os futuros lançamentos do construtor de Estugarda reclamem, à partida, custos de desenvolvimento inferiores por via da partilha de bases. A Mercedes não avançou nada em concreto sobre a descontinuação de modelos específicos, mas o mais provável é que a marca opte por rever a sua oferta actual com o mesmo critério com que olhou para a gama do Classe S e decidiu acabar com o coupé e o descapotável nesta nova geração.