A vice-presidente executiva da AHP lamenta que o Governo não tenha autorizado, entre 30 de outubro e 03 de novembro, a circulação dos residentes em território continental com reservas em alojamentos e alerta para uma vaga de “encerramentos brutais”.

Em declarações à Lusa, Cristina Siza Vieira, da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), refere que, apesar da expectativa para a ocupação neste fim de semana não ser muito elevada, “nos outros anos tem havido alguma movimentação” nesta altura.  “Tínhamos pequenos grupos, alguma movimentação em determinadas regiões, justificadas até por esta circunstância especial” (do dia de Finados), indica, apontando alguns grupos e retiros em Fátima.

Cristina Siza Vieira esclareceu que a exceção à restrição “apenas é aplicável a residentes fora do território nacional continental”, ou seja, a quem resida no estrangeiro ou nas ilhas.

“Só estes é que podem deslocar-se para empreendimentos turísticos ou alojamento local com comprovação de que têm de facto a reserva. Os residentes em território nacional continental não podem deslocar-se mesmo que tenham reservas”, realça.

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Para Cristina Siza Vieira, é “vital olhar para o turismo como um setor importantíssimo e um balão de oxigénio da economia. Se o turismo pode puxar alguma coisa tem de se excecionar destes regimes mais limitativos, sobretudo este tipo de turismo”, em que há reservas confirmadas e sinalizadas.

“A nossa aspiração é que nos fins de semana que ainda aí vêm possamos ter estes pequenos sinais, estas luzinhas de esperança na nossa economia”, apela, apontando para o início de dezembro, em que os dias 1 e 8 poderão dar lugar a períodos mais alargados de descanso de portugueses e, portanto, mais negócio aos hotéis. Cristina Siza Vieira espera que nessa altura já haja “algum alívio destas restrições de circulação”.

Quanto a possíveis restrições adicionais, que devem ser anunciadas no próximo sábado, Cristina Siza Vieira diz que o panorama “já está tão mau” que não vê o que mais “pode acontecer”.

Recordando o cenário no verão, a vice-presidente executiva da AHP disse que existiram “taxas de ocupação baixas, mas em alguns destinos, nomeadamente no Alentejo houve uma procura interessante pelo turismo nacional”, sendo que em 15 de outubro, altura em que foi fechado o último inquérito da AHP, mais 50% dos associados da organização diziam que não “iam alterar o seu quadro de pessoal”.  Tendo em conta a situação sanitária atual em Portugal e na Europa, a responsável da AHP teme pelo futuro do setor hoteleiro nos próximos meses.

“As nossas projeções até ao final do ano são de que irá haver um encerramento brutal na hotelaria, com uma perda importante de receitas e dormidas”, refere a responsável, referindo que no final do ano podem estar abertos menos de 30% dos hotéis portugueses.

Questionada sobre o caso do Algarve, em que a incidência de novos casos de Covid-19 tem sido menor, a responsável disse que o cenário também não e favorável, tendo em conta, nesta altura do ano, o peso do turismo inglês, que está parado devido à quarentena obrigatória, e da área dos congressos, feiras e reuniões (turismo de negócios) que ficou também paralisada. “Poderia ser interessante ter algumas circunstâncias que permitissem destacar o Algarve, com alguma autonomia. Mas não é previsível que se consiga um outono/inverno mais equilibrado”, devido àqueles fatores, lamenta.