Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, e João Galamba, secretário de Estado Adjunto e da Energia, estão a ser investigados num processo que visa vários crimes económico-financeiros — corrupção e tráfico de influência incluídos —, no âmbito do projeto nacional do hidrogénio verde, que ao longo das próximas três décadas deverá ser subsidiado por largas centenas de milhões de euros em fundos públicos.

A notícia foi avançada esta quinta-feira pela Sábado (versão impressa), que revela que ambos os membros do Governo de António Costa “estão sob apertada vigilância das autoridades judiciais e policiais”.

Ao Observador, o Ministério Público (MP) confirmou a existência de um inquérito em fase de investigação, e a correr termos  no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), mas não confirmou que o ministro e o secretário de Estado sejam visados no processo. Ainda de acordo com o MP, não há arguidos constituídos.

A investigação, que terá nascido de uma denúncia remetida já em 2019 para o Ministério Público, a alertar para o alegado favorecimento de grupos empresariais no projeto do hidrogénio verde, diz a Sábado, estará “numa fase avançada”. De acordo com a revista, os governantes não serão os únicos membros do Governo visados: também os representantes de vários ministérios que fazem parte do comité de admissão dos projetos de hidrogénio estarão sob investigação.

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Contactados pela Sábado, Pedro Siza Vieira e João Galamba negaram estar a par do processo. Ao Observador, fonte do gabinete de Siza Vieira também garantiu entretanto que “o Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital não tem conhecimento de qualquer investigação a que o seu nome esteja associado”.

Em causa estarão as relações de Siza Vieira, Galamba e outros membros do Governo com alguns elementos das grandes empresas privadas que constituem o consórcio H2Sines, segundo a Sábado, um dos projetos candidatos a financiamento público no âmbito do projeto que está “sob forte escrutínio” do Ministério Público e da PJ.

Do consórcio, que pretende instalar naquela cidade do Alentejo uma nova central de produção de hidrogénio verde, fazem parte as gigantes EDP, Galp, REN, Martifer e a dinamarquesa Vestas, a maior produtora mundial de turbinas de energia eólica.

Artigo atualizado às 11h10 com a resposta do Ministério Público