Donald Trump pode vir a candidatar-se novamente à presidência dos Estados Unidos dentro de quatro anos. Pelo menos, essa é uma opção que Bryan Lanza, um antigo conselheiro do republicano, não descartou numa entrevista ao programa Today na BBC Radio 4: “Se eu estivesse a aconselhar o Presidente e se, ocasionalmente, tivéssemos conversas, dir-lhe-ia: ‘Senhor, está numa boa posição agora para concorrer novamente daqui a quatro anos'”.
À luz da lei, isso é possível. A Constituição dos Estados Unidos indica que “nenhuma pessoa será eleita para o cargo de Presidente mais de duas vezes; e nenhuma pessoa que tenha ocupado o cargo de Presidente, ou trabalhado como Presidente por mais de dois anos de um mandato para o qual outra pessoa foi eleita, deverá ser eleita ao cargo de Presidente mais do que uma vez”. Como só exerceu um mandato, Trump pode concorrer de novo.
Mesmo antes da vitória de Joe Biden, Steve Bannon, diretor executivo da campanha presidencial de Trump em 2016 e antigo estratega-chefe da Casa Branca, já tinha defendido que, mesmo perante a derrota do republicano, “isto não seria o fim de Donald Trump”: “Se Joe Biden for declarado vencedor, Trump vai anunciar a sua candidatura às eleições de 2024“, antecipou Bannon numa entrevista ao The Australian em outubro.
Mick Mulvaney, antigo chefe de gabinete da Casa Branca, também afirmou na quinta-feira que Donald Trump “provavelmente” vai recandidatar-se à presidência dos Estados Unidos daqui a quatro anos: “Ele não gosta de perder. Na verdade, há alguma possibilidade de Donald Trump concorrer novamente em 2024 e Joe Biden não… simplesmente por causa da idade dele”.
Mas com que apoio é que Donald Trump poderá recandidatar-se? Vários republicanos vieram contradizer os pedidos trumpistas para parar a contagem dos votos. Ainda assim, Bryan Lanza acredita que “ele tem o aparato e tem o apoio”: “Acho que ele pode fazer um caso forte para concorrer novamente e acho que os republicanos se afastariam e deixariam isso acontecer. Não há ninguém no partido que possa desafiar Trump nas primárias“.
De facto, segundo Jim Acosta, correspondente da CNN na Casa Branca, “há alguns assessores e conselheiros que estão a começar a falar sobre a possibilidade de Trump montar algum tipo de corrida de ressurreição em 2024”. “Foi-me dito que esta opção foi debatida dentro da campanha de Trump e alguns falaram disso com o Próprio presidente”, partilhou o jornalista.
Vem aí a Trump TV?
Entretanto, será como “um Presidente no exílio”, descreveu Patrick Griffin, estratega do Partido Republicano. “Provavelmente vai comprar ou começar uma rede de televisão com uma plataforma robusta online e de redes sociais, talvez até compre uns jornais”, afirmou ao Boston Herald: “Vai ser um Presidente no exílio como nunca se viu na história deste país“. De facto, já há quatro anos se falava na possibilidade de ser lançada uma Trump TV caso Hillary Clinton vencesse. Agora, esses planos voltam a ser ponderados, até porque Donald Trump tem estado crescentemente descontente com a Fox News.
As sondagens mais recentes sugerem que Trump terá conquistado 93% dos votos republicanos e que teve melhores resultados entre negros e latinos do que há quatro anos. Brad Parscale, o primeiro gestor de campanha de Donald Trump, diz que isso lhe dá vantagem: “Não é como se a conta no Twitter ou a capacidade de controlar o ciclo de notícias pare. O Presidente Trump também tem a maior quantidade de dados já recolhida por um político. Isso afetará as corridas e as políticas nos próximos anos”.
“Se for derrotado, o Presidente manterá a lealdade eterna dos eleitores do partido e dos novos eleitores que trouxe para o partido”, acrescentou Sam Nunberg, estratega de Trump em 2016. “O Presidente Trump continuará a ser um herói dentro do eleitorado republicano. O vencedor das primárias presidenciais republicanas de 2024 será o Presidente Trump ou o candidato que mais se assemelhe a ele”.