Sem tempo para recuperar dos estragos causados pelo Eta, os cidadãos do Nicarágua e Honduras procuram abrigar-se do furacão que aí vem. Aldeias e cidades começaram a ser evacuadas e habitantes procuraram recolher os seus pertences, alguns já danificados, para os levarem consigo. Outros tentaram ainda reforçar as estruturas das suas casas, para que possam resistir à passagem do Iota.

No Nicarágua, a marinha interveio nas comunidades de Karata e Wawa Bar em Bilwi, no nordeste do país, onde crianças e pais foram levados em barcos para abrigos onde estariam seguros.

Segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, a tempestade terá atingido a terra por volta das 22h40 locais (3h40 em Lisboa) e continuará naquela zona durante a manhã desta terça-feira, movendo-se ligeiramente mais para norte durante a tarde, atingindo o sul das Honduras.

A mais recente ameaça intensificou-se rapidamente, na segunda-feira, transformando-se numa tempestade de categoria 5 que deve causar danos catastróficos a esta área da América Central atingida pelo furacão Eta há menos de duas semanas.

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Dados do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos indicam que a tempestade teve ventos máximos sustentados de 260 quilómetros por hora, quando estava centrada a cerca de 130 quilómetros a sudoeste de Porto Cabeças, também conhecido como Bilwi. Quando atingiu a terra na madrugada desta terça-feira, a velocidade do vento atingiu os cerca de 250 quilómetros por hora.

Iota reduz para categoria 2

Novas informações publicadas pelo Centro Nacional de Furacões apontam para que a intensidade do furacão tenha baixado para a categoria 2, continuando “extremanente perigosa”, alertam as autoridades. Isto porque os destroços provocados pelo Eta não tinham ainda sido limpos.

A mesma fonte avisa que esta é uma “tempestade que ameaça vidas”, destacando os “ventos catastróficos, cheias e deslizamento de terras” que provocará um pouco por toda a América Central.

Um ano de recordes para tempestades tropicais

O Iota é a 30.ª tempestade que recebeu um novo nome durante esta temporada de furacões no Atlântico, o que constitui um recorde. É também a primeira de categoria 5 a atingir o território de Nicarágua e a nona tempestade a intensificar-se rapidamente esta temporada, um fenómeno perigoso que está a acontecer cada vez com mais frequência. Essa atividade fez com que as atenções se focassem nas mudanças climáticas, que os cientistas dizem que estão a causar tempestades mais húmidas, fortes e destrutivas.

Nunca houve tantos furacões como em 2020. O Theta é o 29.º: está a caminho da Madeira e pode chegar ao continente

Há menos de duas semanas, o Eta atingiu a Nicarágua como um furacão de categoria 4, matando pelo menos 120 pessoas, enquanto as chuvas torrenciais causaram inundações e deslizamentos de terras em partes da América Central e o México. Em seguida, serpenteou por Cuba, o arquipélago norte-americano de Florida Keys e ao redor do Golfo do México, antes de voltar para a costa perto da Florida e dos Estados da Carolina do Norte e do Sul.

Estava previsto que o Iota provocasse chuvas de 200 a 400 milímetros por metro quadrado no norte da Nicarágua, Honduras, Guatemala e sul do Belize, com até 750 milímetros em pontos isolados.

A Costa Rica e o Panamá também podem sofrer chuvas fortes e possíveis inundações, segundo o centro de furacões.

O furacão Eta foi a 28.ª tempestade nomeada deste ano, batendo o recorde de 2005. Theta, a 29.ª, dissipou no domingo a leste do Oceano Atlântico.

Nas últimas décadas, os meteorologistas têm-se preocupado mais com tempestades como a Iota, que aumentam de velocidade muito mais rápido que o normal, o que levou à criação de um limite oficial para essa rápida intensificação – uma tempestade que ganhe 56 quilómetros por hora em velocidade de vento em apenas 24 horas. O Iota duplicou essa velocidade.

No início deste ano, as tempestades Hannah, Laura, Sally, Teddy, Gamma, Delta, Zeta e Iota intensificaram-se rapidamente, enquanto as Laura e Delta empataram ou estabeleceram recordes de intensificação rápida.

Cientistas de clima e de furacões da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica estudaram o efeito e descobriram que “muito disso tem a ver com as mudanças climáticas causadas por humanos”.

Esta é a primeira vez que o Atlântico teve dois grandes furacões, com ventos superiores a 177 quilómetros por hora, em novembro, com o Iota e Eta, segundo o investigador de furacões da Universidade do Estado do Colorado Phil Klotzbach. O fim oficial da temporada de furacões é no dia 30 de novembro.

Informação atualizada às 11h15 do dia 17 de novembro.