O português Carlos Tavares, CEO do grupo francês PSA, largou a “bomba” durante a Cimeira Automóvel organizada pela Reuters: “Nem todos os fabricantes de automóveis vão sobreviver à próxima década.” Explicou depois que os motivos que o levam a essa previsão passam pelos fortes investimentos que são necessários para lançar no mercado veículos eléctricos mais eficientes.

Apesar de ser um dos gestores da indústria automóvel que mais duras críticas teceu em relação à viabilidade dos veículos eléctricos, bem como ao limite de 95g de dióxido de carbono imposto pela União Europeia para reduzir o efeito estufa, acusando-o de poder liquidar os construtores, Carlos Tavares surpreende ao garantir que a PSA figura entre os grupos que mais facilmente vão cumprir os limites de CO2.

PSA dá salto em frente nos modelos eléctricos

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Este desempenho foi conseguido graças à oferta de uma gama de veículos eléctricos e híbridos plug-in em todas as marcas da PSA, tendo Carlos Tavares anunciado já que não só vai começar a utilizar em breve plataformas específicas para modelos eléctricos, em vez de adaptá-las a partir de versões concebidas inicialmente para motores a combustão, como não voltará a desenvolver um único motor a combustão.

Na reunião promovida pela Reuters, o gestor português declarou que “apenas os fabricantes mais ágeis e com um espírito darwiniano sobreviverão”, numa referência óbvia à fusão em curso entre a PSA e a Fiat Chrysler Automobiles, que irá gerar o grupo Stellantis, onde Tavares manterá o cargo de CEO, com a posição de chairman a pertencer a John Elkann, da FCA.

Confirmando que espera que surjam mais consolidações na indústria automóvel, seja através de aquisições ou de fusões, Carlos Tavares aproveitou para revelar que a Stellantis, que passará a ser o 4º maior grupo do mundo, vai esforçar-se para alcançar na China o mesmo volume de vendas que possui nos outros grandes mercados, como a Europa e os EUA, mesmo que isso passe por aí reduzir o número de marcas, de modelos e de fábricas, para melhorar a rentabilidade.

PSA e FCA. Sabe o que significa o logo que as une?

De recordar que a PSA iniciou recentemente uma retirada parcial do mercado chinês, país doméstico de um dos grandes accionistas do grupo francês, uma vez que a Dongfeng detém 13,68%, a mesma percentagem do Estado francês e da família Peugeot. A China, que já consumiu 700.000 veículos da PSA por ano em 2014, período em que se assumia como o maior mercado do grupo, tem vindo a assistir a uma contínua quebra das vendas da PSA, sem que os franceses consigam inverter a tendência.