Estudantes da Erasmus Social Network Porto (ESNPorto) produziram um vídeo apelando ao fim da violência doméstica contra as mulheres destinado aos 1.500 colegas de cinco países que estudaram ou estudam na cidade, revelou à Lusa fonte da associação. O vídeo é lançado na mesma data em que se assinala o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, salientou Márcia Branco, voluntária da ESNPorto e uma das caras e vozes do projeto.
Na produção que ficou online esta quarta-feira nas páginas do Facebook da ESNPorto e da Associação Democrática de Defesa dos Interesses e da Igualdade das Mulheres (ADDIM), entidade parceira, as voluntárias da associação apresentam os números nacionais da violência doméstica.
https://www.facebook.com/addimcav/posts/3648488965171861
Na apresentação em inglês de cerca de um minuto, as jovens enfatizam que a violência doméstica “foi em 2019 o crime com o maior número de casos em Portugal”, período em que foram contabilizadas “32.235 queixas”, tendo o fenómeno crescido “10% em relação a 2018”.
Outros números apresentados são que “81,6% dos agressores eram homens” e que destes “71% eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas”, avançando depois para 2020 para relatar que até à data “pelo menos 20 mulheres morreram em Portugal vítimas da violência doméstica”, terminando com uma leitura mais global: “cerca de metade das mulheres em todo o mundo sofreram agressão sexual”.
Márcia Branco explicou que o vídeo tem como “público-alvo os estudantes de Erasmus que estão a estudar este semestre no Porto, mas também aqueles que já cá estiveram, num horizonte que pode chegar aos 1.500″, sendo a maioria do “Brasil, Espanha, Itália, Polónia e Alemanha”.
Este vídeo é também um pedido implícito de, ao o reproduzirem, ajudarem quem precisa de ter essa voz”, explicou a voluntária da associação sobre a vontade de fazer chegar o mais longe possível a mensagem.
A opção por serem apenas mulheres a aparecer, segundo Márcia Branco, não se deve ao facto de achar que “o sexo masculino não deva dar a cara e incluir-se nesta luta, muito pelo contrário”, mas por ser algo, frisou, que as “toca diretamente”. Da colaboração com a ADDIM, disse, receberam “dados estatísticos, números reais e estudados” que as ajudou a “perceber o fenómeno” e que, esperam, “uma vez partilhados podem ter um impacto maior”, assinalou.
Sobre a amplitude que o vídeo pode conhecer entre os estudantes, Márcia Branco, afirmou-se confiante por ser estar “uma matéria que preocupa a atual geração académica”.
“O que notamos é que no discurso de todos os estudantes há ainda este detalhe, o de saber que [a violência doméstica] é uma realidade presente. Claro que depois diferencia [em cada país] os mecanismos de defesa, a importância do sistema de justiça, a forma como as pessoas ignoram ou conhecem a legislação, mas a realidade estende-se de forma ampla e igual”, relatou da sua experiência de contacto no âmbito da ESNPorto.