Uma das características menos apreciadas, entre os condutores de veículos eléctricos, é a ansiedade – e potenciais limitações – provocada por uma menor capacidade de bateria, que obrigue quem vai ao volante a ter de decidir se está em condições de realizar uma deslocação imprevista, que até pode ser urgente. É claro que todos os veículos, independentemente do combustível, têm uma autonomia limitada, mas enquanto reabastecer de gasolina ou gasóleo tarda dois ou três minutos, numa bomba que quase sempre está ali ao virar da esquina, recarregar a bateria é uma operação mais morosa e em postos de carga que existem em menor quantidade e nem sempre estão disponíveis.
Nem só a capacidade da bateria determina a autonomia de um eléctrico. Tão importante quanto a quantidade de energia disponibilizada é a eficiência com essa energia é utilizada, das baterias aos motores, passando pela aerodinâmica e pela regeneração durante desaceleração e travagem. Daí que, entre veículos com uma capacidade de bateria similar, haja modelos que conseguem percorrer distâncias superiores entre visitas aos posto de carga.
A Carwow fez um comparativo com seis dos mais conhecidos veículos utilitários do mercado, alimentados exclusivamente por bateria. Aos três utilitários mais vendidos, respectivamente Renault Zoe (na versão com 136 cv e bateria de 52 kWh), Peugeot e-208 (136 cv e 50 kWh) e Opel Corsa-e (136 cv e 50 kWh), os ingleses juntaram o pequeno e acessível VW e-up! (83 cv e 36,8 kWh), bem como o Mini Cooper SE (184 cv e 32,6 kWh) e o Honda e (155 cv e 35,5 kWh).
As medições foram realizadas com os veículos a rodar em conjunto, em fila indiana, tendo todos a bateria a 100% de carga quando partiram, para rodarem até a bateria se esgotar por completo. O percurso era sobretudo composto por auto-estrada, percorrida a 90 km/h numas ocasiões e a 120 km/h noutras, o que não é o ideal para prolongar a autonomia dos eléctricos, que atingem os melhores valores em cidade, em que as contínuas desacelerações e travagens lhes permitem gerar energia. Mas as medições foram efectuadas em igualdade de condições e em condições reais de utilização, representando o que cada condutor pode esperar destes seis modelos em estrada, a este ritmo.
O Zoe dominou claramente a concorrência, ao percorrer 368 km com um consumo de 11,7 kWh/100 km. A segunda posição, mas a uma distância confortável, foi alcançada pelo Corsa-e, que percorreu 280 km com a energia que possuía no acumulador, registando um consumo médio de 15,1 kWh/100 km.
A primeira surpresa surgiu com a obtenção da 3ª posição por parte do e-up!, com 260 km e 16,8 kWh/100 km, para a surpresa seguinte nos chegar pela mão do e-208, que registou apenas 259 km, ou seja, menos 21 km do que o seu “irmão” da Opel, apesar de ter conseguido um consumo ligeiramente inferior (14,8 kWh/100 km). Como montam rigorosamente a mesma bateria, sistema de gestão e motor, este resultado pode indiciar uma bateria que já perdeu alguma capacidade.
Já se esperava que a autonomia do Cooper SE figurasse entre as menos generosas, face ao anúncio da marca em WLTP, mas se registou apenas 248 km, a verdade é que o Mini ficou acima dos 230 km reivindicados pelo construtor, apesar de um consumo relativamente elevado, de 16,4 kWh/100 km.
Os piores valores ficaram a cargo do Honda e, com somente 182 km entre recargas e um consumo de 16,8 kWh/100 km. Veja aqui como tudo aconteceu: