Uma análise conjunta dos resultados preliminares da vacina da Universidade de Oxford e farmacêutica AstraZeneca confirmou uma eficácia média de 70,4%, mas que pode ir até 90% se as doses forem variadas, de acordo com um artigo publicado na revista especializada Lancet.

O estudo é o primeiro a ser publicado após a análise por outros cientistas [‘peer reviewed’] aos resultados preliminares da fase 3 de uma vacina contra o SARS-CoV-2, a partir de testes clínicos feitos com 11.636 voluntários no Reino Unido e no Brasil.

A análise conjunta aos resultados mostra que a eficácia média da vacina, pelo menos 14 dias após a segunda dose, foi de 70,4%, tendo mostrado uma eficácia de 62,1% quando os voluntários receberam duas doses completas, e 90% quando receberam uma dose mais baixa seguida de uma dose completa. Estes dados são semelhantes aos divulgados pelo grupo em 23 de novembro.

Para Sarah Gilbert, professora de vacinologia da Universidade de Oxford, a análise dos resultados aos testes clínicos vem confirmar a eficácia da vacina em testes pré-clínicos e espera que a vacina, atualmente sujeita à avaliação da autoridade reguladora da Agência Reguladora de Saúde e Produtos Médicos (MHRA na sigla inglesa), seja aprovada.

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Esperamos que esta vacina esteja em uso em breve para começar a salvar vidas”, afirmou Gilbert, num comunicado da universidade britânica.

A vantagem da tecnologia usada por este consórcio, com base num vetor modificado de adenovírus, relativamente a concorrentes, nomeadamente da Moderna e Pfizer/BioNTech, que usaram um mensageiro de ácido ribonucleico, é que a vacina pode ser fabricada em grandes quantidades a baixo custo e não precisa de armazenamento a temperaturas muito baixas.

Nenhuma hospitalização ou doença grave foi observada nos grupos vacinados e, num total de 23.848 voluntários no Reino Unido, Brasil e África do Sul, só foram registadas três reações graves potencialmente relacionadas com a vacina. Como apenas cinco casos incluídos na análise primária ocorreram em pessoas com mais de 55 anos, a eficácia da vacina em grupos de idade mais avançada não pôde ser avaliada, mas será determinada em análises futuras.

O professor Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacinas de Oxford e investigador-chefe dos Testes de Vacinas de Oxford, defendeu que esta análise mostra que “esta nova vacina tem um bom histórico de segurança e eficácia contra o coronavírus”.

A AstraZeneca tinha anunciado no mês passado um “estudo adicional” para validar os resultados da eficácia da vacina quando foi usada apenas metade da quantidade na primeira dose, resultado de um erro no processo de fabricação.

E se o erro da AstraZeneca e da Universidade de Oxford na vacina contra a Covid-19 for uma coisa boa?

A farmacêutica anglo-sueca está sob pressão para esclarecer a situação, já que a MHRA deu luz verde à vacina da Pfizer/BioNTech, a qual já começou a ser administrada esta terça-feira a grupos de risco no Reino Unido.