Não há céu mais estrelado que este, razão mais que suficiente para que a capital japonesa se mantenha um destino obrigatório para os foodies de todo o mundo. A lista de restaurantes de Tóquio que exibem a mais cobiçada distinção do guia Michelin chega já ao número de 445, e as inclusões mais recentes apontam para novos marcos. A cidade acaba de ganhar dois novos espaços com três estrelas (são agora 12 no total, mais do que em qualquer outro destino do globo); dois novos duas estrelas e ainda 18 novos restaurantes a conquistarem pela primeira vez o disputado astro, na cerimónia que decorreu online no passado dia 7 de dezembro.

Mas há mais em matéria de comida e hospitalidade, ainda por cima com o selo da novidade: pela primeira vez, a edição 2021 do Guia distribui estrelas verdes, que permitem aos clientes identificar mais facilmente os espaços envolvidos na prática de uma gastronomia sustentável, missão que passará por aspetos como a proteção da biodiversidade e redução do consumo de energia não renovável. É aqui que entra o L’Effervescence, que acumula a terceira estrela Michelin agora conquistada com este prémio por bom desempenho verde.

©  L’Effervescence

Liderado pelo chef Shinobu Namae, o restaurante (onde a experiência média pode passar os 200 euros por cabeça) recebeu a sua primeira estrela em 2012, chegou à segunda em 2015 e continua a perseguir a fórmula vencedora: uma combinação excecional de cozinha nipónica e francesa. Os inspetores do guia ficaram também impressionados com a cerimónia do chá que segue a escola Sowa, e que coroa a refeição.

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Não terão ainda passado despercebidos métodos como o recurso exclusivo a ingredientes locais, a gestão eficiente de recursos como a água, o apoio a produtores de espécies animais em risco ou o uso de lenha e consequente redução da utilização de gás.

© NARISASAWA

O L’Effervescence não está sozinho nestas medalhas verdes que apontam a 2021. Lature, Florilège, NARISAWA, Sincère e Quintessence são outras outras moradas de Tóquio cujas preocupações ambientais dividem atenções com os sabores dos pratos.

© Sazenka

O outro novo três estrelas na cidade é o Sazenka, o primeiro e único restaurante no Japão de cozinha chinesa a alcançar tal estatuto. É aqui que o chef Tomoya Kawada aplica a receita da originalidade a partir de ingredientes japoneses.

Ao nível das duas estrelas, dois novos restaurantes juntaram-se a este restrito clube (são agora 42 em toda a capital). Em Ginza encontra-se o Sushi Kanesaka, cujo nome diz desde logo ao que vem, enquanto o também premiado Kutan vinga na cozinha criativa nipónica.

© Sushi Kanesaka

Num ligeiro degrau abaixo, mas não menos relevante, situa-se um leque de 18 novos restaurantes a vencerem uma estrela. Entre os estreantes, o destaque vai para o Sushiya Shota, em Azabujuban, uma casa simples dedicada ao sushi, chefiada por um chef de origem coreana. De resto, esta especialidade destaca-se em boa parte dos galardoados neste elenco. Ao Sushiya Shota juntam-se redutos como Hato, Sushi Murayama, e Sushi Sugaya. Por sua vez, os também estrelados Itsuka, ShinoiS, e Series apostam na gastronomia chinesa. A seleção passa ainda por quatro espaços inclinados à influência gaulesa (L’Intemporel, Makiyaki Ginza Onodera, Au Deco, Esterre) e por um outro que permite uma viagem a Itália (Faro). Quanto à representação puramente japonesa, não pense que fica pelo caminho. Juko, Shigematsu, Oryori Katsushi, Onarimon Haru, Azabu Wakei e Akasaka Ogino são os embaixadores de serviço em Tóquio.

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Para uma conta menos pesada na carteira, não faltam boas sugestões na lista Big Gourmand do Guia Michelin Tóquio 2021, reservada às opções mais económicas, mas não menos recomendáveis. O menu inclui 234 restaurantes, 35 dos quais novos em folha, onde gyozas ou tempuras estão sempre à mão de semear.