O coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19, Francisco Ramos, disse esta quarta-feira que em Portugal vai ser seguida a regra de administrar a segunda dose da vacina três semanas depois da primeira dose.

“Três semanas depois. Isso é a regra e é exatamente isso que está previsto acontecer”, disse Francisco Ramos em declarações à Antena 1.

Sublinhando que na segunda-feira já tinham sido vacinadas 32 mil pessoas contra a Covid-19 em Portugal, Francisco Ramos disse que ainda nenhuma delas havia recebido a segunda dose, mas que seria respeitada a regra das três semanas. A segunda dose deverá começar a ser administrada no dia 17 de janeiro.

Vários países já anunciaram que tencionam adiar a administração da segunda dose da vacina com o objetivo de maximizar o número de pessoas que conseguem vacinar com a primeira dose e o assunto tem gerado discussão entre a comunidade científica.

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O Reino Unido anunciou a decisão no final de dezembro, sublinhando que a segunda dose poderia ser administrada até 12 semanas depois da primeira, para que os primeiros lotes de vacinas servissem para vacinar com a primeira dose o maior número de pessoas possível.

Alemanha e Dinamarca ponderam seguir um modelo semelhante. Nos dois países, os institutos de saúde pública já se encontram a estudar o impacto dessa possibilidade, com o objetivo de possivelmente implementarem a mesma medida.

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A OMS também já se pronunciou sobre o assunto, recomendando o atraso da segunda dose em situações excecionais para que mais pessoas pudessem ter acesso à primeira dose. Em conferência de imprensa, o responsável do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE), o mexicano Alejandro Cravioto, adiantou que os especialistas recomendaram que, em circunstâncias excecionais de fornecimento, a vacina da Pfizer-BioNTech seja administrada “entre 21 e 28 dias”.

A recomendação de atrasar a segunda dose “em algumas semanas” permitiria “maximizar o número de pessoas que podem beneficiar da primeira dose” desta vacina, referiu Alejandro Cravioto.

Na terça-feira, quando questionada sobre o tema numa conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que Portugal vai manter o esquema original de vacinação, mas salientou que o Infarmed está a estudar o impacto do adiamento da segunda dose.

Neste momento, a recomendação da Pfizer é que a segunda dose seja administrada ao fim de 21 dias, um período que pode ser (mas não deve ser) alargado aos 42. Graça Freitas admitiu na conferência de imprensa que a opção está a ser analisada mas que, enquanto não houver evidência dos impactos dessa estratégia, mantém-se o esquema original de inoculação.