O Twitter anunciou esta sexta-feira a suspensão permanente da conta do Presidente norte-americano, Donald Trump.
A rede social divulgou um longo comunicado na noite desta sexta-feira elencando os motivos que levaram à decisão.
“Após uma revisão detalhada dos tweets recentes da conta @realDonaldTrump e o contexto à volta deles — especificamente como eles foram recebidos e interpretados dentro e fora do Twitter — suspendemos de modo permanente a conta devido ao risco de futuro incitamento à violência”, diz o Twitter.
Segundo a rede social, um conjunto de tweets publicados por Trump na quarta-feira, dia que ficou marcado por uma violenta invasão do edifício do Capitólio de Washington D.C. por apoiantes do Presidente, “teve uma grande probabilidade de encorajar e inspirar as pessoas a replicar os atos criminosos que ocorreram no Capitólio dos EUA”.
Republicanos afastaram-se de Trump e confirmaram a vitória de Biden depois de uma noite caótica
Para o Twitter, várias mensagens divulgadas por Trump violam a regra da rede social que proíbe a “glorificação da violência”.
Dois tweets estão especificamente em causa, ambos publicados nesta sexta-feira.
Os 75 milhões de grandes Patriotas Americanos que votaram por mim, AMÉRICA PRIMEIRO, e TORNAR A AMÉRICA GRANDE OUTRA VEZ, vão ter uma VOZ GIGANTE no futuro. Não vão ser desrespeitados ou tratados de modo injusto, de qualquer modo, forma ou maneira!!!”
A todos aqueles que perguntaram, não vou participar na inauguração no dia 20 de janeiro.”
A rede social lembra ainda o recente comunicado de Donald Trump sobre a sua ausência da tomada de posse de Joe Biden e considera que esse tweet “pode também servir como encorajamento para aqueles que, potencialmente, estejam a considerar atos violentos de que a inauguração será um alvo ‘seguro’, uma vez que ele não estará presente”.
“Planos para futuros protestos armados já começaram a proliferar dentro e fora do Twitter, incluindo uma proposta para um segundo ataque ao Capitólio dos EUA e a edifícios de capitólios estaduais no dia 17 de janeiro de 2021”, afirma o comunicado da rede social.
“Por isso, a nossa determinação é de que os dois tweets mencionados têm potencial para inspirar outros a replicar os atos violentos que ocorreram no dia 6 de janeiro de 2021, e de que há múltiplos indicadores de que eles estão a ser recebidos e interpretados como encorajamento para que isso aconteça”, conclui o Twitter.
Na quarta-feira, depois de um discurso feito por Trump na Casa Branca a divulgado pelo Twitter, centenas de manifestantes invadiram violentamente o Capitólio, onde nesse dia decorria um ato formal de certificação dos resultados eleitorais — o último formalismo que determinou a vitória de Joe Biden. Cinco pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e várias foram detidas.
O uso frequente do Twetter foi um elemento essencial desde a campanha presidencial de 2016 que levou à eleição do Donalt Trump. Desde então, o Presidente americano usou este instrumento para reforçar a sua base política e atacar os que se opõem a ele.
A rede social tinha vindo a resistir à pressão para suspender a conta de Trump, mas depois de examinar os recentes tweets e a sua ligação à invasão do Capitólio, decidiu suspender permanentemente a conta devido ao risco de maior incitamento à violência. Donald Trump ainda recorre à conta oficial @POTUS government para atacar o Twitter, dirigindo-se aos 75 milhões de “grande patriotas” que votaram nele com a mensagem. “Não vamos ser silenciados”. O ainda presidente acrescentou que está a ponderar a construir uma plataforma própria para uma rede social alternativa, mas estes comentários feitos na conta da campanha presidencial foram também suspendidos pelo Twitter.