Foi com ritmo que, ao início da tarde, a Procuradora da República Marta Viegas começou a inquirição à inspetora da Polícia Judiciária (PJ) Aida Freitas. Tudo fazia crer que as suas declarações não seriam muito diferentes das do inspetor Hugo Freitas, ouvido horas antes. Os dois tinham sido os únicos inspetores a estar presentes, secretamente, no encontro numa estação de serviço na A5 entre os representantes da Doyen e Aníbal Pinto, então advogado de Rui Pinto e, à partida, as versões de um e outro seriam semelhantes. O encontro, supostamente marcado para negociar quantos milhões estaria a Doyen a pagar em troca da não divulgação de documentos sobre a empresa que o alegado hacker teria em sua posse, viria a ser uma das provas mais importantes e mais sólidas para acusar Aníbal Pinto e Rui Pinto do crime de tentativa de extorsão. Pelo menos, até esta terça-feira.
O ritmo da Procuradora Marta Viegas rapidamente abrandou quando percebeu que parte daquilo que inspetora ia dizendo era bem diferente do que o seu colega Hugo Freitas acabara de dizer. Porém, o silêncio de estupefação durou poucos segundos. Quando Aida Freitas admitiu que não ouviu “nada” do que aconteceu no encontro e que assinou o relatório elaborado sobre ele sem o ler e ainda confessou que se o tivesse feito “na altura, não tinha assinado”, o coletivo de juízes não conseguiu esconder a indignação — especialmente porque a inspetora lhes parecia contar aquilo com demasiada “ligeireza”.
Não ouvi nada do que eles falaram [no encontro]. Assinei o RDE (Relato de Diligência Externa), mas eu não li o que assinei. Tenho que ser muito honesta, muito sincera. Não estava a distância suficiente [para ouvir]”, confessou.
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