A notícia surgiu pela voz de Mo Farah, campeão olímpico nos 5.000 e 10.000 metros nas duas últimas edições dos Jogos, em Londres e no Rio de Janeiro: os atletas que viajarem para Tóquio, no cenário de manutenção das datas e a evitar-se o cancelamento, vão ser vacinados. O britânico, um dos favoritos a conquistar novamente medalhas no Japão, garantiu numa entrevista que os atletas já foram informados destas medidas preventivas.

“Acho que todos os atletas, nas carreiras, querem ir aos Jogos Olímpicos e querem fazer parte dos Jogos Olímpicos. A chave é mantermo-nos seguros e ver o que o país pode fazer. O que eles já nos disseram, basicamente, é que toda a gente será vacinada. Depois disso, o risco de propagação da doença é menor. A partir daí, é ver o que acontece e levar um dia de cada vez”, disse Mo Farah à rádio TalkSPORT, acrescentando que tem a forte convicção de que os Jogos “vão acontecer” na altura prevista.

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De recordar que, em Portugal, o Comité Olímpico (COP) já enviou à Direção-Geral de Saúde e ao Governo um pedido “para que a missão olímpica pudesse ser integrada na lista de prioridades, obviamente dentro dos grupos-alvo”. Já durante este mês de janeiro, José Manuel Constantino, presidente do COP, explicou à Rádio Observador que ainda não tinha recebido qualquer resposta mas que a orientação do Comité Olímpico “vai ser a de todos se vacinarem”.

Entretanto, ao The Guardian e sobre as declarações de Farah, a British Olympic Association (BOA) garantiu que não está a manter quaisquer conversações como governo britânico sobre a possibilidade de vacinar atletas. “A prioridade tem de ser as pessoas que precisam mais dessa vacina — quem está na linha da frente, os idosos e os vulneráveis. Existirá uma altura, esperançosamente antes dos Jogos Olímpicos, onde os atletas poderão ser considerados para vacinação. Mas só faremos isso quando for apropriado”, explicou Andy Anson, presidente da BOA, há algumas semanas.

Vacinação à parte, a verdade é que a possibilidade de cancelamento dos Jogos Olímpicos tem estado novamente em cima da mesa — depois do adiamento do ano passado, que colocou o arranque da edição de Tóquio no dia 23 de julho, cerca de um ano depois da data original. Até agora, o Japão tem registado números menos trágicos do que outros países, escapando ao pior lado da pandemia. Há duas semanas, porém, Tóquio entrou em estado de emergência devido aos números recorde de novos casos: a partir daí, a opinião pública japonesa passou a mostrar-se contra a realização dos Jogos.

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Depois de alguns ex-atletas se manifestarem contra a realização dos Jogos em 2021, o próprio governo japonês deu o primeiro passo na hora de levantar algumas dúvidas. Taro Kono, ministro da Reforma Administrativa do Japão, foi o primeiro a admitir que “tudo pode acontecer”. A mensagem foi reforçada por Dick Pound, membro sénior do Comité Olímpico Internacional (COI), que garantiu também não estar certo de que os Jogos vão acontecer ainda este ano. Tudo isto foi engrossado por uma notícia da semana passada do jornal The Times, onde se lia que os ministros japoneses já assumiram que não será possível manter a realização dos Jogos Olímpicos e que o novo objetivo será garantir a próxima vaga disponível para Tóquio, em 2032 (Paris vai organizar os Jogos em 2024 e Los Angeles em 2028).

O COI reúne esta quarta-feira, naquela que é a primeira reunião deste ano, e terá em cima da mesa o novo acelerar da pandemia em todo o mundo, o estado de emergência em Tóquio e, possivelmente, a relutância do governo japonês. Thomas Bach, o presidente da organização, já garantiu que não existem “quaisquer razões” para voltar a adiar ou cancelar os Jogos Olímpicos. Resta saber o que acontece nos próximos meses.