A Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC) denunciou, através de um comunicado, a vacinação de profissionais não prioritários no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que já veio esta quinta-feira a público negar as acusações.

Segundo a nota da APROSOC, o presidente do INEM, Luís Meira, “contrariou as indicações do Ministério da Saúde e vacinou dezenas de profissionais não-essenciais e que não são profissionais de saúde”.

Pedro Coelho dos Santos, jornalista e assessor pessoal de Luís Meira, e seu amigo pessoal; Ana Gomes, assessora jurídica do presidente do INEM, bem como todos os diretores por Luís Meira nomeados, foram vacinados, tendo parte deles hoje recebido a segunda dose da vacina”, lê-se no comunicado da APROSOC, que referiu ainda outras pessoas vacinadas que não seriam do grupo prioritário.

Segundo o documento, o presidente do INEM “requisitou dezenas de vacinas a mais para imunizar funcionários do instituto, prestadores de serviços e colaboradores externos, parte dos quais seus amigos pessoais, violando as indicações do plano de vacinação” contra a Covid-19.

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A lista de vacinação não-essencial circulou em formato Excel entre os diretores regionais e Luís Meira, numa tentativa de manter confidencial a atitude ilegal e que contraria as regras impostas por Marta Temido (ministra da Saúde)”, sublinhou a nota da APROSOC.

Para a APROSOC, “dezenas de vacinas foram usadas indevidamente privando médicos, enfermeiros e técnicos de saúde, entre outros elementos prioritários, de vacinação atempada, privilegiando um circuito de amizades”.

Em comunicado, o INEM desmentiu esta versão e negou “todas e quaisquer acusações de favorecimento pessoal” no seu processo de vacinação.

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) solicitou apenas vacinas para os profissionais prioritários, tendo recebido as 1.174 doses de vacina anti-Covid-19 Comirnaty® (Pfizer-BioNTech) solicitadas, que foram administradas a todos os profissionais prioritários que manifestaram interesse em ser vacinados”, indicou o comunicado do INEM.

De acordo com o documento, “iniciado o processo de vacinação, foram identificados profissionais prioritários que não preenchiam os critérios para poderem receber a primeira dose da vacina, de acordo com as indicações de segurança do fabricante (Pfizer), nomeadamente por apresentarem contraindicações, com diagnóstico ou presença de sintomas indicadores de Covid-19, ou que tinham estado doentes com Covid-19 há menos de 90 dias”.

“O processo de vacinação nos quatro centros de vacinação criados para o efeito, do ponto de vista logístico e da identificação dos profissionais a serem vacinados, foi conduzido pelas Delegações Regionais do INEM”, segundo a nota do Instituto.

“Considerando o tempo reduzido para administração da vacina, que após a descongelação deve ser administrada no prazo máximo de 120 horas, bem como as recomendações da Agência Europeia do Medicamento de que qualquer vacina não utilizada deveria ser descartada após a diluição, acrescido do facto de ser possível extrair seis doses por frasco, e não apenas as cinco doses inicialmente estipuladas (de acordo com as indicações do INFARMED), foi possível administrar as doses sobrantes aos profissionais do INEM que dão suporte à atividade de Emergência Médica, para evitar o desperdício destas”, segundo a nota.

De acordo ainda com o comunicado do INEM, “desta forma, para além das 1.174 vacinas solicitadas, foi possível administrar mais 92. Os prazos estipulados para administração das vacinas após descongelação e diluição, bem como a logística de todo este processo de vacinação, nomeadamente a exigência de condições de assepsia na sua preparação, não permitiriam a administração destas doses sobrantes a pessoas externas, e em ambientes externos ao INEM”.

Ainda assim, segundo o INEM, “os frascos que não foram abertos (12) foram cedidos a Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) da região centro e sul, em articulação com as ARSLVT e Centro, após confirmação que existiam condições para as vacinas serem administradas dentro dos prazos estipulados”.